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Simone de Beauvoir – parte 2

Simone de Beauvoir–parte 2

 

Algumas informações sobre a infância e a adolescência de Simone de Beauvoir.

Sua família é de origem burguesa tradicionalista e estava em decadência por ocasião do seu nascimento. Passaram dificuldades, teve uma infância rígida segundo os moldes burgueses de sua mãe extremamente católica e um pai egoísta, preguiçoso e machista.

Aos 9 anos Simone conhece Zaza, sua amiga mais próxima até a morte precoce da mesma, em 1929.

Seu livro, “As inseparáveis” fala sobre essa amizade.

Foi fazer faculdade de filosofia a contragosto de seus pais. Seu pai chegou mesmo a dizer que ela pensava como homem.

Ela e sua irmã Hélène estudaram numa escola católica e privada exclusivamente para meninas.

Desde sua adolescência já chamava a atenção de seus pais por seus estudos e inteligência. Sempre aplicada era a melhor da turma.

Em 1925 foi aprovada no exame de acesso às Universidades de Matemática e Literatura e licenciou-se nas duas matérias.

Começou a trabalhar educando proletários no norte da França.

Em 1927 obteve seu certificado em História, Filosofia e Grego na Sorbonne, ao lado de muitos outros pensadores que se tornariam famosos.

Lembrando que naquela época, as mulheres não tinham esse tipo de educação, elas nem podiam votar ou ter uma conta bancária. E foi aí neste período que ela chegou à conclusão de que o casamento é fundamentalmente imoral, já que ele é definido como algo eterno e as vontades podem mudar.

O ano de 1929 foi de grande importância na vida de Simone. Ela se tornou a primeira mulher a dar aulas em um liceu masculino.

Nos exames escolares sempre se destacava mais do que os homens e é assim que ela começou a incomodar a sociedade, sempre colocando coisas nada convencionais para as pessoas digerirem.

Foi na Faculdade que conheceu Sartre, ao contrário do que as pessoas pensavam não foi um amor à primeira vista; ela estava interessada em um amigo dele. Foram necessárias várias investidas de Sartre para conquistá-la. Ele se tornaria seu parceiro e amigo pelo resto da vida.

Simone de Beauvoir contribuiu não só para o pensamento feminista do século XX mas também esteve na Resistência francesa contra o nazismo em Paris. Foi intelectual extremamente culta e política. Tem diversos livros, ensaios e textos jornalísticos publicados. Sua obra vai muito além do “Segundo Sexo”, apesar de ser um livro importantíssimo, tanto para a filosofia existencialista, quanto para o movimento feminista que teria força mais de dez anos após o seu lançamento.

Extremamente inteligente foi uma das pessoas mais jovens a passar nos difíceis exames de filosofia. Obteve a segunda nota mais alta, porque a primeira foi de Sartre.

Simone é a responsável pela palavra “sexismo” entrar no dicionário francês. Suas obras literárias têm aspectos filosóficos associados ao existencialismo.

Algumas obras de Simone:

A Convidada (1943)

O sangue dos outros (1945)

Todos os homens são mortais (1946)

A ética da ambiguidade (1947)

Em 1986 a filósofa e escritora morreu de pneumonia, em Paris, aos 78 anos de idade. Seu corpo encontra-se sepultado no mesmo túmulo de Jean Paul Sartre no Cemitério de Montparnasse na capital francesa.

                               

                                                                                 Simone no enterro de Sartre

Após a morte de Sartre, Simone se entregou ao álcool e às anfetaminas (são drogas estimulantes da atividade do sistema nervoso central, isto é, fazem o cérebro trabalhar mais depressa, deixando as pessoas acesas, mais ligadas e com menos sono).

Desde muito nova ela questionava com profundidade o que significava ser mulher para ela e para a sociedade. Esse pensamento junto com suas críticas sobre o que era liberdade dentro do existencialismo foram a base para a criação de “O Segundo Sexo” publicado em 1949. Este livro foi duramente criticado tanto pela direita como pela esquerda, inclusive por seus colegas intelectuais como Camus. Ele não nasceu para ser um livro feminista. Ela o escreveu como um processo investigativo com dados concretos sobre a vida da mulher em sociedade e também porque estava irritada com “os volumes de idiotices” que eram lançadas sobre as mulheres.

                                   

                                                                                                                                                                  Albert Camus

Simone era admiradora de Virginia Woolf  e além de ter lido todos os seus livros ela também a considerava como uma grande influência intelectual.

“Os Mandarinos”, veio em 1954 e esse livro foi muito elogiado pela crítica, ganhou até o prêmio Goncourt. Ele conta a história de um grupo de pessoas que tentavam retornar à vida após a segunda guerra mundial.

Aqui ela mostra personagens fictícios que fazem parte da Resistência, além de seus questionamentos em relação à União Soviética. Inclusive critica o governo russo e propõe uma nova política de esquerda.

ROMA (ITÁLIA)
Palácio da Justiça – Paris (França)

 

Simone era uma viajante, conheceu o mundo inteiro, foi para a Ásia, para a África, rodou a Europa, foi para as Américas e desembarcou no Brasil em 1960. Ela e Sartre permaneceram dois meses aqui e conheceram Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Ouro Preto, Fortaleza e Manaus. Esta visita foi organizada por ninguém menos que Jorge Amado e Zélia Gatai. Eles também conheceram Juscelino Kubitschek.

 

                     

                Em Araraquara-SP                                                               Na redação do Jornal “O Estado de São Paulo”.

Em 1960 Simone conhece Sylvie Le Bon mulher que se tornaria sua amiga mais próxima  até o fim da vida. Desde que Simone começou a trabalhar mandava dinheiro para a irmã Hélène e também para sua mãe Françoise. Ela era a grande provedora da família e de alguns amigos também.

Aos 50 anos Simone de Beauvoir lançou suas 3 biografias mais famosas.

1- Memórias de uma moça bem comportada, em 1958, na qual ela relembra sua juventude puritana.

2- A força da idade onde ela relata uma Paris ocupada e dedica a sua relação com Sartre, Bon e Olga.

3- A força das Corsas em 1963 onde ela comenta a vida que leva no pós guerra e suas publicações.

Em 1965 lança o livro Mal entendido em Moscou onde ela fala sobre as ambiguidades existentes na União Soviética.

Em 1967 publicou  A mulher desiludida e logo depois em 1970 A Velhice, com seus pensamentos sobre o envelhecimento e a morte.

Em 1980, ela perde Jean Paul Sartre e após passar um período no hospital sem ter ninguém que pudesse acompanhá-la no dia a dia, se vê sozinha, então ela adota Sylvie Le Bon, já que a irmã estava em Portugal.

Simone e Sylvie

Em 1981 ela lança sua última biografia: A Cerimônia do Adeus onde ela narra os últimos anos de Sartre e a sua vida na velhice.

Simone seria lembrada por muitas décadas após sua morte.

Os recém lançamentos de cartas e livros nunca publicados vieram do acervo de Sylvie Le Bon que herdou tudo de Simone.

Hoje finalizamos a história de Simone de Beauvoir. Aguardem o próximo assunto.

Helena Landell

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  • Texto excelente, mais claro impossível.
    Para os leigos, como eu, essa matéria é um "banho" de cultura.
    Realmente gostei muito.

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Helena Landell

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