O Folies Bergère
O Folies Bergère é uma das relíquias da Belle Époque, mergulhando o público no charme de Paris de outrora e oferecendo uma vasta gama de espetáculos, concertos e comédias ao longo do ano.
Foi a primeira grande sala de espetáculos da capital. Sua história remonta a 1869, quando foi fundada pelo empresário e diretor de teatro Auguste-Alexandre Chilly. Seu nome é uma homenagem às casas de prazer conhecidas como Folies(loucuras), na época, e desde o momento da sua inauguração, o local foi concebido como um espaço híbrido no cruzamento entre café, concerto e espetáculo.
De Josephine Baker a Dalida, Jean-Paul Gauthier, Catherine Ringer e Vanessa Paradis, os grandes nomes partilharam as Luzes da Ribalta no Folies Bergère.
Este lendário teatro parisiense continua a animar a capital mais de 150 anos depois, apresentando espetáculos de dança, comédia e concertos ao longo de todo o ano, para alegria dos parisienses idosos e os mais jovens, também.
A grande sala pode acolher até 1.200 pessoas, oferecendo um bom espaço para espetáculos grandiosos, concertos musicais e muitos outros eventos. Já a sala Boris Vian, mais íntima, tem capacidade para cerca de 500 pessoas, e é ideal para espetáculos menores, cabarés e apresentações de variedades.
O ápice de sua performance e popularidade se deu na década de 1890 até a de 1920
.
Sua história, em Paris, está marcada por vários acontecimentos, desde a sua construção até a atualidade.
Foi construído, pelo arquiteto Plument, para ser um Teatro de Ópera, abrindo suas portas em 1869 com o nome de Folies Trévise.
Aberto no início da guerra de 1870, este icônico Teatro viu nascer há mais de 130 anos a primeira revista music-hall do mundo. Desde a sua criação até os dias atuais, o Teatro das Folies Bergère conseguiu inspirar os artistas mais talentosos de sua época.
Está situado na rua Richer, no número 32, no 9º arrondissement de Paris.
Nos anos 1890 deu vazão ao gosto parisiense pelo strip-tease e rapidamente ganhou reputação, particularmente pelos espetaculares shows de nudismo.
Anteriormente era um Teatro para operetas, pantominas, reuniões políticas e vaudeville, (pequena peça teatral entremeada de coplas) e transformou-se, estreando em Paris, no dia 3 de dezembro de 1886, com um espetáculo de revista (gênero popular de teatro musical) bem elaborado, apresentando mulheres com figurinos sensacionais. A moda a partir de 1830, era batizar as salas de espetáculos com o nome folies (loucuras), seguido do nome do quarteirão ou de uma rua próxima de onde se localizavam.
Espetáculo de revistas
O Folies foi o primeiro local de entretenimento noturno de Paris. O Teatro não se preocupava com as despesas, levando ao palco revistas que apresentavam, por vezes, mais de 40 quadros, 1.000 figurinos, empregando, nos bastidores cerca de 200 pessoas.
Produzia óperas ligeiras e pantominas com cantores desconhecidos que pouco depois experimentaram rotundo fracasso.
O maior sucesso veio em 1870, quando o Folies Bergère levou à cena espetáculos de vaudeville. Entre outros números, os primeiros shows deste gênero apresentavam acrobatas, encantadores de serpentes, um canguru boxeador, elefantes amestrados, o homem mais alto do mundo, além de um príncipe grego com seu corpo totalmente coberto por tatuagens, supostamente como punição por ter tentado seduzir a filha do Xá da Pérsia.
Folies Bergère, muito apreciado pelos artistas e onde encontravam-se pessoas de todas as classes sociais, que iam comer, beber e se divertir, era onde cada um podia ver e ser visto. Era permitido que o público bebesse e se encontrasse nos jardins internos e áreas de passeio do Teatro.
O Folies Bergère tornou-se sinônimo de tentações eróticas da capital francesa. Pintores famosos como Eduard Manet e Henri Toulouse -Lautrec tinham lugar cativo no Folies.
Em 1886, o Folies Bergère passou a ter uma nova direção e em 3 de dezembro levaram à cena a primeira revista musical. O quadro “Place aux Jeunes” apresentando lindas coristas com trajes sumários, conquistou um tremendo sucesso.
As mulheres do Folies foram se apresentando cada vez com menos roupas, à medida que o século XX se aproximava.
Os figurinos e os esquetes tornaram-se mais e mais audaciosos. Entre os artistas que marcaram o início de suas carreiras no Folies pode-se mencionar Yvette Guilbert, Maurice Chevalier e Mistinguett.
A cantora e dançarina afro-americana Josephine Backer fez sua estreia neste Cabaré em 1926, baixando do alto, coberta por uma esfera adornada com flores que se abriam quando chegava ao piso do palco, mostrando-a vestida com uma pequena tanga ornada de bananas.
Foto com bananas
O Folies Bergère permaneceu envolto em sucesso internacional até meados do século XX, iniciando um leve, porém persistente declínio.
Entretanto, pode até hoje ser visitado em Paris, apesar de ser local cedido também para shows, concertos de outros artistas e empresários.
Todavia, o Folies mantém uma tradição que remonta há mais de um século: o título do espetáculo contém sempre 13 letras e deve incluir a palavra “Folies”.
Quadro “ Um Bar aux Folies Bergère de Manet”
Este quadro é um óleo sobre tela, pintado por Manet e exibido no Salão de Paris em 1882.
O arranjo e a composição do quadro são típicos da sua melhor fase: uma estrutura simples e memorável, os quais mantém os olhos e a imaginação sempre alertas.
Ao centro a garçonete Suzan perdida em seus pensamentos, à esquerda, uma cena compacta e movimentada, e à direita, algo que parece o reflexo de Suzan conversando com um freguês. Mas, será mesmo isso?
Quanto mais estudarem o quadro, mais ele se torna intrigante, como o devaneio da própria Suzan. Manet capta o brilho da iluminação elétrica, que se ia popularizando nos locais mais elegantes. Vale a pena olhar, admirar e descobrir os mínimos detalhes deste belo quadro.
Mesmo o Folies Bergère não sendo tão conhecido e famoso como o Moulin Rouge, é importante conhecê-lo.