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Monteiro Lobato

Monteiro Lobato

 Monteiro Lobato foi um autor brasileiro; seus livros para adultos são pré-modernistas. Já suas obras, de cunho infantil integram a famosa série Sítio do Picapau Amarelo. Nessas narrativas infantis, personagens como Emília e Visconde vivem grandes aventuras.  É sua obra de maior destaque na literatura infantil.

                                           

Visconde                                                                                    Emília

Monteiro Lobato (José Bento Renato Monteiro Lobato) nasceu na cidade paulista de Taubaté no dia 18 de abril de 1882. Seu pai chamava-se José Bento Marcondes Lobato e sua mãe Olímpia Monteiro Lobato. Alfabetizado pela mãe, logo despertou o gosto pela leitura, lendo todos os livros infantis da biblioteca de seu avô, o Visconde de Tremembé.

Desde criança, Monteiro Lobato já mostrava seu temperamento inquieto e aos 10 anos escandalizou sua família, tradicionais fazendeiros do Vale do Parnaíba e amigos do Imperador Pedro II, quando se recusou a fazer a primeira Comunhão.

Em 1898 ficou órfão de pai e logo em seguida perdeu sua mãe, ficando sob os cuidados do avô.

Em 1900 ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo por imposição de seu avô, embora preferisse estudar Belas Artes.

Nesse período morava em uma República de estudantes localizada no Centro de São Paulo, junto com os amigos Godofredo Rangel, Lino Moreira e Raul de Freitas.

Godofredo Rangel

O grupo se reunia para cuidar da vida literária e escrevia para um jornal publicado em Pindamonhangaba, de propriedade de Joaquim Pinheiros. Utilizando vários pseudônimos, faziam oposição ao prefeito da cidade.

Monteiro Lobato manteve amizade com Godofredo Rangel e trocaram correspondência por 40 anos, as quais foram reunidas em um livro denominado “A Baira de Gleyse”.

Lobato escrevia também para o jornal da Faculdade, quando já mostrava sua preocupação com as causas nacionalistas.

Na festa de formatura, em 1904, fez um discurso tão ofensivo, que vários professores, padres e bispos se retiraram da sala.

 

Nesse mesmo ano voltou para Taubaté, prestou concurso para a Promotoria Pública, assumindo o cargo na cidade de Areias, no vale do Paraíba, no ano de 1907.

AREIAS

Monteiro Lobato casou-se com Maria Pureza da Natividade em 28 de março de 1908, com quem teve 4 filhos: Marta, Edgar, Guilherme e Rute.

                              .

Fotos da família

Em 1911, perdeu seu avô, herdando a fazenda Buquira, para onde se mudou, pretendendo ser fazendeiro.

Fazenda São José de Buquira em Monteiro Lobato

Hoje, a fazenda é sede do Museu Histórico e Pedagógico com um importante acervo de toda a obra literária infantil de Monteiro Lobato.

Nessa ocasião começou a escrever “O Boca Torta” que seria o primeiro de uma série, que mais tarde receberia o nome de “Urupês”.

Publicações polêmicas e ideias eugenistas

(EUGENIA, também chamada de eugenismo, consiste em uma série de crenças e práticas cujo objetivo é criar seres humanos “ideais”, através do controle genético da população)

Um ponto problemático na biografia de Monteiro Lobato foi seu envolvimento com ideias eugenistas, que na época estavam em alta.

François Galton

O eugenismo foi criado pelo francês François Galton no século XIX e se identifica, segundo seu criador como: o estudo dos agentes sob a “o controle social que podem melhorar ou empobrecer qualidades raciais das futuras gerações, física ou mentalmente”. Ou seja, tais ideias defendiam a “superioridade das pessoas brancas”, ao passo que desvalorizavam as misturas étnicas e a predominância do povo negro.

Lobato era racista, como revela um estudo publicado em 2013. O escritor era próximo dos médicos Renato Kehl e Artur Neiva, que difundiram o conceito de eugenia no Brasil. Também foi membro da Sociedade Eugênica de São Paulo.

                                              

Renato Kehl                                                                                    Artur Neiva

 No dia 12 de novembro de 1912, foi publicado no jornal O Estado de São Paulo, uma carta que Monteiro Lobato havia enviado à redação, intitulada Velha Praga, a qual causou grande polêmica. Esta, criticava as queimadas e a ignorância e a miséria do caboclo, que prejudicavam o desenvolvimento da agricultura da região.

Em 1917 vendeu a fazenda e foi morar em Caçapava. Foi nessa época que fundou a revista “Paraíba”. Nos 12 números publicados teve como colaboradores: Coelho Neto, Olavo Bilac, Cassiano Ricardo, entre outras importantes figuras da literatura.

Nesse mesmo ano comprou a Revista do Brasil, de programa nacionalista, tornou-se editor e publicava seus artigos. Transformou a revista em um núcleo de defesa da cultura nacional.

No dia 20 de dezembro de 1917, Lobato publicou no jornal “O Estado de São Paulo” um artigo intitulado “Paranoia de Mistificação”, quando criticou os quadros de Anita Malfatti, pintora paulista recém-chegada da Europa, o que lhe custou a ruptura com os líderes da Arte Moderna. Estava assim criada uma polêmica que acabou se transformando em estopim do movimento modernista. Em resumo, Lobato foi um crítico ferrenho do movimento modernista. Para Lobato, essas influências representavam um risco para o desenvolvimento de uma arte genuinamente brasileira. Porém, suas críticas não foram suficientes o bastante para interromper o movimento.

Em 1922 Anita fez parte do Grupo dos Cinco, responsável por organizar a Semana de Arte Moderna, evento que deu força para uma nova fase da arte brasileira.

Devido à essa rivalidade Lobato é considerado um autor pré-modernista.

 Em 1918, Monteiro Lobato publicou sua primeira coletânea de contos, “Urupês”, quando traçou a paisagem das cidades por onde passou e o perfil do Jeca Tatu, um caipira apontado pela pobreza, pelo marasmo e pela indolência, que o tornava incapaz de auxiliar na agricultura. Jeca Tatu se tornou o símbolo do sertanejo brasileiro.

 A figura do Jeca Tatu, tal qual foi descrita por Lobato, chamou a atenção de Rui Barbosa, que o citou em um discurso na campanha presidencial de 1918, como um protótipo do caipira brasileiro, abandonado à miséria pelos poderes públicos.

Lobato em sociedade com Teles Marcondes fundou a Companhia gráfica-editora. Porém, com o racionamento de energia a Editora foi à falência. Venderam tudo e fundaram a Companhia Editora Nacional.

Livros para crianças

Lobato mudou-se para o Rio de Janeiro e começou a publicar livros para crianças. Em 1921 publicou “Narizinho Arrebitado” e livros de leitura para as escolas.

A obra fez grande sucesso o que levou o autor a prolongar as Aventuras de seu personagem em outros livros, todos girando em torno do “Sítio do Picapau Amarelo”.

Tia Anastácia e Dona Benta

Lobato também explorou temas de ciência e da mitologia, abrindo espaço para o mercado de livros paradidáticos no Brasil.

O romance adulto de Monteiro Lobato, “ O Princípe Negro”, aborda dentre outros temas, a segregação racial, o feminismo e os debates do início do século XX, ( O cobrador Ayrton alcança o sonho de possuir seu veículo, porém sofre um acidente…).

Em 1927 foi nomeado por Washington Luiz, adido comercial nos Estados Unidos onde permaneceu até 1931.

Além de entreter crianças, Monteiro Lobato também apoiava a extração de petróleo no país e foi um dos fundadores da Companhia Petróleos do Brasil inaugurada em 1931, logo após ter voltado dos Estados Unidos. A ela se dedicou por 10 anos.

O Escândalo do Petróleo

Em 1936 publicou “O Escândalo do Petróleo”, livro que se esgotou em poucas semanas e que foi censurado pelo governo Vargas. Isto foi o estopim para que Lobato se aproximasse das ideias comunistas.

Após enviar cartas a Getúlio, criticando sua gestão do petróleo brasileiro, o escritor foi condenado a seis meses de prisão por injúria ao Estado. Após três meses foi solto e convidado a se juntar ao Partido Comunista da época, porém, recusou. Não queria entrar para a vida política.

 Foto Bairro de Manguinhos

Acompanhando pesquisas sobre saúde pública no bairro de Manguinhos, (Rio de Janeiro), Lobato transformou o Jeca Tatu em um símbolo da importância do saneamento básico do Brasil.

Com contos, tirinhas e anúncios, o escritor queria conscientizar a população sobre o problema sanitário e pressionar a elite a prover o serviço ao povo.

Foi um dos homens mais polêmicos da nossa história, arrebatando milhões de leitores. O dia do livro infantil, 18 de abril, é uma homenagem ao nascimento deste autor.

Túmulo de Monteiro Lobato

Aos 66 anos, o autor faleceu em 04 de julho de 1948, na cidade de São Paulo. Foi enterrado no cemitério da Consolação.

É de sua autoria a frase:

Um país se faz com homens e livros.

Helena Landell

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