Maria Leopoldina
Maria Leopoldina nascida na cidade de Viena, capital da Áustria, no dia 22 de janeiro de 1797, era membro de uma das mais tradicionais famílias da Europa. Criada através dos costumes da Monarquia, ela não tinha ideia de que iria influenciar a história do maior país da América Latina.
A Arquiduquesa da Áustria foi a primeira esposa de D. Pedro I e Imperatriz do Brasil de 1822 até sua morte precoce em 1826.
Leopoldina foi uma figura marcante para o Brasil, algumas de suas intervenções durante o período em que foi Imperatriz, mudaram a história do país para sempre.
Maria Leopoldina da Áustria (1797-1826) . Mãe de Maria da Glória, a qual viria a ser Dona Maria II rainha de Portugal e mãe de Dom Pedro II, o futuro Imperador do Brasil. Era a avó da Princesa Isabel e da princesa Leopoldina do Brasil.
Maria Leopoldina, nome que adotou no Brasil, teve papel fundamental na Independência do país. A declaração dela, no dia 7 setembro de 1822, foi escrita por José Bonifácio, assinada pela Imperatriz e enviada a D. Pedro I que estava em São Paulo.
Maria Leopoldina
José Bonifácio
Ficou órfã de mãe aos 8 anos de idade e foi criada por sua madrasta Maria Luiza da Áustria com quem tinha grande afinidade. Como parte de sua educação aprendeu 3 idiomas: alemão, francês e italiano. Ao longo de sua vida estudou inglês e português. Também aprendeu regras de convívio, de bons costumes e etiqueta, os quais faziam parte da vida da realeza.
Um ponto importante da sua educação foi ser ensinada a respeitar cegamente as decisões da família e colocar os interesses do Estado e Monarquia sempre à frente.
O casamento e os filhos
Casamento de Pedro e leopoldina
Em 1816, depois de demoradas negociações diplomáticas no Congresso de Viena, a Arquiduquesa da Áustria Caroline Josepha foi escolhida para ser a esposa de D Pedro I, filho de D. João VI e de Carlota Joaquina de Bourbon, o príncipe herdeiro do trono Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.
O casamento foi celebrado por procuração em Viena, no dia 13 de maio de 1817, quando D. Pedro I foi representado pelo tio de Leopoldina. No dia 15 de agosto a comitiva partiu de Viena e o desembarque se deu no Rio de Janeiro no dia 5 de novembro de 1817.
Desembarque de Leopoldina
A Arquiduquesa veio acompanhada de uma comitiva de 28 pessoas. Muito culta e interessada por botânica, trouxe estudiosos e cientistas, como o botânico Carl Von Martius e o naturalista Johan von Spix.
Carl von Martius
Johan von Spix
No dia seguinte o casal recebeu a benção nupcial na igreja de Nossa Senhora do Carmo. Segundo o historiador Alberto Rangel, o herdeiro da Coroa gostaria de ter escolhido uma companheira mais bonita! Porém, dona Leopoldina estava encantada com seu marido.
Na vida em comum, o casal não mostrou bom entrosamento, mas Dona Leopoldina fazia tudo para atrair o marido. Sabendo do seu interesse pela música, aproveitou esse item como um argumento para atrai-lo. Ela citou isto em uma carta à sua tia, a Grã-Duquesa de Toscana.” Ele toca muito bem quase todos os instrumentos, eu o acompanho ao piano e assim tenho a satisfação de estar junto à minha pessoa amada”.
Os saraus musicais no Paço de São Cristóvão eram frequentes. Dona Leopoldina também acompanhava o príncipe nos demorados passeios a cavalo que ele fazia nos arredores da Quinta da Boa Vista.
Em 1819 nasceu a primeira filha do casal, Maria da Glória, nos anos seguintes mais filhos nasceram, porém, somente chegaram à vida adulta: Januária (futura Condessa de Áquila), Francisca ( futura Princesa de Joinvile), Pedro ( futuro imperador do Brasil, como Dom Pedro II ).
Regência de Dom Pedro
No dia 26 de abril de 1821, o Imperador Dom João VI voltou para Portugal, atendendo as reivindicações decorrentes da Revolução Liberal do Porto. Dom Pedro, foi então, nomeado “Príncipe Regente”. Ele tinha apenas 23 anos, quando Dom João retornou para Portugal. A Assembleia Lusitana desejava promover o retorno do príncipe e a recolonização do Brasil.
Várias medidas das Cortes de Lisboa procuraram diminuir o poder do Príncipe Regente e pôr fim à autonomia do Brasil.
Em 9 de janeiro de 1822 foi entregue ao Príncipe Regente uma petição com 8.000 assinaturas solicitando-lhe que não abandonasse o Brasil. Atendendo ao pedido, Dom Pedro disse: -“Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto, diga ao povo que fico”.
Com os vários problemas políticos da Regência, Dona Maria Leopoldina permaneceu fiel a um ideal religioso de submissão às vontades do marido e o apoiou ao longo das delicadas manobras que conduziram a Independência do país em 1822.
Importância da Dona Leopoldina na Independência
Dona Leopoldina muito culta, esclarecida e decidida, dedicou-se com fervor ao Movimento pela separação de Portugal. Além da preocupação com o futuro dos brasileiros, ela era querida e admirada pela população.
A mulher de Dom Pedro via o trono de Portugal ameaçado por disputas e concluiu que permanecendo aqui, sua família manteria maior prestígio e proteção entre as coroas europeias, como também, iria garantir um trono para seus filhos.
Conselho do Estado
Em pelo menos três ocasiões em que viajou, Dom Pedro a instalou como sua representante no Rio de Janeiro. Ela presidiu o Conselho do Estado, órgão que assessorou o príncipe em sessão de 1822, na qual os conselheiros puseram-se a favor da separação do Brasil de Portugal.
No dia 25 de agosto de 1822, Dom Pedro estava em São Paulo e em seguida seguiu para Santos. No dia 7 de setembro, quando retornava para São Paulo e encontrava-se próximo ao riacho do Ipiranga, o Príncipe recebeu emissários do Rio de Janeiro, os quais lhe entregaram os últimos decretos de Lisboa. Tais documentos o transformava em um simples governador, sujeito às autoridades da Corte.
Junto a estes papéis havia também uma carta do Ministro José Bonifácio e outra de Dona Leopoldina com palavras de incentivo a proclamação da Independência. Entre outras coisas a Princesa dizia: “As Cortes portuguesas ordenam vossa partida imediata. Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças se partirmos agora para Lisboa. O Brasil será em Vossas mãos um grande país. O Brasil Vos quer para seu Monarca. Tereis o apoio do país inteiro e contra a vontade do povo brasileiro os soldados portugueses que aqui estão, nada podem fazer.
Indignado pelas medidas tomadas pelas Cortes e estimulado pelas cartas recebidas, Dom Pedro proclamou a Independência do Brasil.
No dia 12 de outubro de 1822, Dom Pedro foi aclamado como o primeiro Imperador do Brasil, com o título de Pedro I, sendo coroado no dia primeiro de dezembro daquele mesmo ano.
A melancolia e a morte da Imperatriz
Apesar do casamento infeliz, a relação de D.Pedro I e Leopoldina obteve aquilo que se esperava dela, um herdeiro para o trono brasileiro, que foi D.Pedro II.
Domitila
Duas semanas antes da Proclamação da Independência do Brasil, Dom Pedro I conheceu a paulista Domitila de Castro Canto Melo, aquela que acabaria com o seu casamento e a sua reputação na Corte. Fazendo vir a amante para o Rio de Janeiro, a apresentou a Corte e ofereceu-lhe o título de “Marquesa de Santos”. A ligação escandalosa do marido com Domitila (ou Titila , como ele a chamava na intimidade) deixava a Imperatriz humilhada.
A filha que teve com Domitila, na mesma época em que a Imperatriz dava à luz a outra criança, recebeu o nome de Isabel Maria de Alcântara e o título de Duquesa de Goiás.
Em carta à irmã que morava na Europa Leopoldina desabafa: “O Monstro sedutor é a causa de todas as desgraças”.
Solitária, isolada, devotada somente a parir um herdeiro para o trono, o futuro Dom Pedro II nasceria em 1825. Porém, Leopoldina tornava-se cada vez mais depressiva.
Os últimos anos de vida de Leopoldina foram tristes e marcados por uma progressiva depressão que a atingiu. Esta depressão foi causada pela humilhação que ela sofria da parte do Imperador, por suas infidelidades, principalmente em relação a Domitila.
Maria Leopoldina faleceu no Palácio de São Cristóvão, na quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro de 1826, em consequência de um aborto seguido de infecção.
Foi sepultada no Convento da Ajuda, na atual Cinelândia. Quando o Convento foi demolido em 1911, seus restos mortais foram transladados para o Convento de Santo Antônio.
Em 1954 foram levados para a cripta da Capela Imperial, em São Paulo, às margens do Riacho Ipiranga.
Curiosidades sobre a Imperatriz Leopoldina
A primeira bandeira do Brasil independente, foi idealizada pelo pintor Jean-Baptiste Debret o qual fez uma homenagem aos soberanos.
A cor verde representa as cores da família “Bragança”, o amarelo, os Habsbourgo.
A cidade de São Leopoldo no Rio Grande do Sul, fundada em 1824, foi assim chamada por causa de Dona Leopoldina.
A Estrada de Ferro Leopoldina, inaugurada em 1874 foi batizada em sua honra.
A Escola de Samba Imperatriz Leopoldina, no Rio de Janeiro, também lhe presta homenagem.
Finalizando, o que é muito triste, é que a grande parte dos brasileiros mal conhecem esta figura que foi tão importante para a nossa História!
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Caros leitores, após dois anos de publicação de Curiosidades Culturais, vou descansar por três semanas, porém, voltarei em breve. Obrigada pela atenção!