Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) foi um dos nomes mais importantes da literatura brasileira do século XIX.
Nasceu no Rio de Janeiro, mais exatamente no Morro do Livramento, em 21 de junho de 1839.
Morro do Livramento
Era filho do pintor de paredes Francisco José de Assis e sua mãe, uma portuguesa vinda da região dos Açores, Maria Leopoldina Machado de Assis, era descendente de escravos libertos. Teve uma origem humilde, seu avô foi escravo em uma chácara no morro do Livramento, no Rio de Janeiro, onde o escritor nasceu e foi batizado pela dona da casa, Maria José de Mendonça Barroso. Aliás, foi lá que ele aprendeu a ler.
Machado de Assis morava como agregado, com uma família de servidores do Império. Enfrentou uma infância difícil, vendendo doces e caramelos na frente de Colégios abastados.
Sua mãe faleceu quando ele tinha apenas 10 anos; 5 anos depois, seu pai se casou novamente com Maria Inês da Silva, com quem continuaria morando após à morte de seu pai.
Mulato, vítima de preconceito, superou todas as dificuldades da época e tornou-se um grande escritor.
Na sua infância estudou em uma escola pública durante o primário e aprendeu francês e latim. Trabalhou como aprendiz de tipógrafo, foi revisor e funcionário público.
Entre os anos 1856 e 1858, antes de ganhar destaque como escritor, trabalhou na Imprensa Oficial.
Começou como primeiro oficial em 1873 e tornou-se chefe da Secretaria do Estado do Ministério da Agricultura.
Seu primeiro poema intitulado Ela, foi publicado na revista Marmota Fluminense. Também trabalhou como colaborador de algumas revistas e jornais do Rio de Janeiro.
Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL) e seu Primeiro Presidente. Ocupou a cadeira número 23.
Academia Brasileira de Letras
Em 1869, casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. Ela não conseguiu engravidar e o casal não teve filhos.
Carolina Augusta Xavier de Novais
Pode-se dividir as obras de Machado de Assis em duas fases:
1 – Fase romântica (Romantismo), onde os personagens de suas obras possuem características românticas, sendo o Amor e os relacionamentos amorosos os principais temas de seus livros.
Desta fase pode-se destacar as seguintes obras: Ressurreição em 1872, seu primeiro livro, A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878).
2- Na segunda fase (Realismo) Machado de Assis abre espaços para as questões psicológicas dos personagens.
É a fase em que o autor relata muito bem as características do realismo literário. Ele faz uma análise profunda e realista do ser humano, destacando as suas vontades, personalidades, necessidades, defeitos e qualidades. Ele soube traduzir a alma brasileira. Nesta fase destacam-se as seguintes obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900) e Memorial de Aires (1908).
Machado escreveu Contos, tais como: Missa do Galo, O Espelho e O Alienista. Escreveu diversos Poemas, Crônicas sobre o cotidiano, peças de teatro, críticas literárias e teatrais.
Como jornalista transcrevia discursos políticos, tarefa que o permitia aprender sobre o Brasil e dali tirava seus temas, tornando-se um grande comentador de eventos políticos e sociais da época em que viveu.
Machado de Assis foi responsável por uma das primeiras traduções do conto “O Corvo” de Edgar Allan Poe. O autor brasileiro falava francês – alguns acreditam que ele aprendeu a língua com um padeiro imigrante. Também traduziu “Os Trabalhadores do Mar“, de Victor Hugo. Machado foi um autodidata.
Foi apelidado pelos vizinhos de “Bruxo do Cosme Velho” pois teria queimado em um caldeirão, cartas e documentos, na sua casa da rua Cosme Velho, onde morava. Entretanto, o apelido só pegou quando o poeta Carlos Drumond de Andrade fez o poema: “A um Bruxo, com amor”, o qual reverencia o escritor.
Carlos Drumont de Andrade
Em 1888, foi condecorado pelo então Imperador Dom Pedro II com a “Ordem da Rosa”. Meses depois foi indicado para fazer parte da Secretaria da Agricultura. Anos mais tarde, chegou a ocupar o cargo de Diretor-Geral da Viação da Secretaria da Industria, Viação e Obras Públicas.
Ordem da Rosa
Estátua de Machado na entrada da ABL
Lado menos literário, foi enxadrista e participou do primeiro campeonato brasileiro do esporte mental, ficando em terceiro lugar. As peças que utilizou estão expostas na Academia Brasileira de Letras. Lá, na entrada, pode-se ver e observar uma estátua de Machado de Assis.
Foi casado durante 35 anos com Carolina Machado, que era quatro anos mais velha que ele. Alguns especialistas dizem que Carolina era muito inteligente e o ajudava na revisão de textos. Com a morte da mulher, Machado entrou em profunda depressão e escreveu para o amigo Joaquim Nabuco: “Foi-se a melhor parte da minha vida e aqui estou só no mundo”.
Machado era epilético e apresentava sinais de gagueira o que contribuiu para a formação de sua personalidade insegura e reclusa. Além disso, por ser mulato, enfrentou muito preconceito até conseguir reconhecimento.
Machado de Assis faleceu na madrugada de 29 de setembro de 1908, cercado por Mario de Alencar, José Veríssimo, Euclides da Cunha, Coelho Neto, Raimundo Correia e Rodrigo Otávio, seus companheiros mais chegados. Foi decretado luto oficial no país.
Joaquim Nabuco
Excelente escritor brasileiro que deixou um legado de cultura para todos nós!