Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis foi um escritor brasileiro considerado por muitos críticos, escritores e leitores, o maior nome da literatura brasileira do século XIX.
Infância e adolescência
Machado de Assis nasceu na chácara do Livramento, no Rio de Janeiro, no dia 21 de junho de 1839, na casa onde seu avô foi escravo e que pertencia ao militar Bento Barroso Pereira, o qual ocupou o cargo de Ministro da Guerra de 1824 a 1828. Foi o primeiro filho do mulato Francisco José de Assis, um pintor e decorador de paredes e da açoriana imigrante portuguesa Maria Leopoldina.
Além de ter sido batizado pela esposa do militar, Maria José de Mendonça Barroso, foi lá que aprendeu a ler.
Aos 10 anos de idade perdeu sua mãe e seu pai viúvo, resolveu sair da chácara indo morar em São Cristóvão.
Machado fez seus primeiros estudos na escola pública deste bairro. Tornou-se amigo do padre Silveira Sarmento e o ajudava nas missas, familiarizando-se com o latim.
Esse brasileiro, passou por muitas dificuldades e preconceitos por ser negro e filho de dois ex-escravos alforriados. Por causa disso, teve um acesso limitado à educação formal. Nunca frequentou uma Universidade, teve uma formação autodidata.
Em 1854, Francisco José veio a se casar com Maria Inês da Silva, que foi para Machado uma segunda mãe. Sua madrasta trabalhava como doceira em uma escola e levava o enteado para assistir algumas aulas. À noite ele ia para uma padaria local onde aprendia francês com um padeiro imigrante. À luz de velas Machado de Assis lia tudo o que passava por suas mãos e já escrevia suas primeiras poesias.
Carreira literária
Com 15 anos, em busca de um emprego, Machado conheceu Francisco de Paula Brito dono da livraria, do jornal e da tipografia da cidade. No dia 12 de fevereiro de 1855 a “Marmota Fluminense”, jornal editado por Paula Brito, trazia na página 3 o poema “Ela” de Machado de Assis:
“Dos lábios de Querubim
Eu queria ouvir um sim
Para alívio do coração”
Daí em diante Machado não parou de escrever na “Marmota” e de fazer amizade com políticos e literatos frequentadores da livraria, onde o assunto principal era a poesia.
Em 1856, Machadinho, como era conhecido, entrou para a Imprensa Oficial como aprendiz de tipógrafo, mas, além de mau funcionário, escondia-se a fim de ler tudo o que lhe interessava.
Machado jovem
O diretor decidiu incentivar o jovem e o apresentou a três importantes jornalistas: Francisco Otaviano, Pedro Luís e Quintino Bocaiuva. Otaviano e Pedro dirigiam o Correio Mercantil e para lá foi Machado de Assis em 1858 como revisor de provas. Também colaborava com outros jornais e estreou como crítico teatral na revista “Espelho”.
Com 20 anos Machado já frequentava os círculos literários e jornalísticos do Rio de Janeiro, capital política e artística do Império.
Em 1860 foi chamado por Quintino Bocaiuva para trabalhar na redação do “Diário do Rio de Janeiro”. Além de escrever sobre todos os assuntos e manter uma coluna de crítica literária, Machado tornou-se representante do Jornal do Senado.
Ele também escrevia no “Jornal das Famílias”, onde suas estórias inconsequentes e açucaradas eram lidas nos serões familiares.
O escritor destacou-se principalmente no romance e no conto, embora tenha escrito crônicas, poesias, críticas literárias e peças de teatro.
Primeiro livro de poesias
O primeiro livro de poesias foi publicado em 1864, “Crisálidas”, uma coletânea de seus poemas. O livro foi dedicado a seus pais: Maria Leopoldina e Francisco.
Em 1867, o Imperador concedeu a Machado o grau de “Cavaleiro da Ordem da Rosa”, por serviços prestados às Letras Nacionais.
No dia 8 de abril, o escritor foi nomeado ajudante do diretor do Diário Oficial, iniciando, assim, sua carreira burocrática.
Características da obra do autor
Machado de Assis foi o principal representante do Realismo brasileiro. É conhecido pelos livros de sua segunda fase, caracterizada pela crítica à idealização romântica.
Primeira fase – O narrador se entrega à subjetividade romântica, mostra amores idealizados e heroínas perfeitas. Uma característica comum às obras de Machado, é a questão da ascensão social relacionada à alguns personagens. A ironia está presente, não sendo exclusividade de seus livros realistas.
Segunda fase – Os romances realistas do autor fazem uso da ironia, para criticar a elite burguesa mostrada como corrupta, hipócrita e interesseira. Para a análise psicológica dos personagens a narrativa apresenta o monólogo interior e possui uma temática típica desse tipo de romance, isto é, o adultério.
Como o realismo é um estilo da época que valoriza a razão em detrimento da emoção, a linguagem das obras realistas é mais objetiva.
Principais obras de Machado de Assis
Desencantos – teatro (1861)
Hoje avental, amanhã luva -teatro
O Caminho da porta – teatro (1863)
O Protocolo- teatro (1863)
Crisálidas- teatro (1864)
Quase Ministro -teatro (1864)
As forças Carolinas -teatro (1865)
Os deuses de casaca-teatro (1866)
Contos Fluminenses – contos (1870)
Ressurreição – romance (1872)
Histórias de meia noite – contos (1873)
A mão e a luva – romance (1874)
Americanas – poesia (1875)
Helena- romance (1876)
Iaiá Garcia – romance (1878)
Ocidentais – poesia (1880)
Tu, só tu, puro amor – teatro (1881)
Memórias póstumas de Brás Cubas – romance (1881)
Papéis avulsos – contos (1882)
Histórias sem data – contos (1884)
Casa Velha- romance (1885)
Quincas Borba – romance (1891)
Várias histórias – romance (1896)
Dom Casmurro – romance (1899)
Páginas Recolhidas – contos (1899)
Esaú e Jacó – romance (1904)
Relíquias da casa velha – contos (1906)
Memorial de Aires – romance (1908)
A partir do livro “ Memórias Póstumas de Brás Cubas” , Machado deu início à sua fase Realista, propriamente dita, quando revelou seu incrível talento na análise do comportamento humano, descobrindo, por trás dos atos bons e honestos, a vaidade, o egoísmo e a hipocrisia.
Machado de Assis foi o principal fundador da Academia de Letras em 15 de dezembro de 1896. No dia 20 de julho do ano seguinte a Academia foi inaugurada e o escritor se tornou o primeiro Presidente da Instituição, além de ocupar a cadeira de número 23.
Academia de letras
Em 1867, conheceu Carolina Xavier de Moraes, uma portuguesa culta, irmã do poeta português Faustino Xavier de Moraes, o qual lhe revelou os clássicos lusitanos.
Machado e sua mulher Carolina Xavier de Moraes
No dia 12 de novembro de 1869, o casamento de Machado e Carolina foi realizado tendo como testemunhas Artur Napoleão e o conde de São Mamede, em cuja residência se realizou a cerimônia. O casal não teve filhos.
Era um homem bem-sucedido apesar de enfrentar preconceito por ser negro, gago e sofrer de epilepsia.
Foi um autodidata, incrível como aprendeu francês chegando a ser tradutor desta língua.
Machado foi um fenômeno no jogo de xadrez. No ano de 1880 participou de um campeonato de xadrez no Brasil e classificou-se como finalista, ocupando o terceiro lugar. O torneio foi realizado na residência do pianista português Arthur Napoleão e as peças do jogo estão expostas, até hoje, na Academia Brasileira de Letras.
Quanto ao dinheiro, houve uma época em que a moeda nacional se desvalorizava rapidamente. Nesta época, a imagem do escritor ilustrou uma cédula, a de 1.000 cruzados, onde foi estampada sua imagem, dinheiro este que circulou entre os anos de 1987 e 1990.
Morreu no dia 29 de setembro de 1908 no Rio de Janeiro. Em seus últimos momentos teve o carinho do escritor Mário de Alencar (1872-1925), filho do escritor cearense José de Alencar, que era como um filho para o autor.
Túmulo na ABL
Foi sepultado no cemitério São João Batista em 1908, porém seus restos mortais foram transferidos para a sede da Academia Brasileira de Letras em 1999.
De toda a produção deste escritor, gostaria que meus leitores lessem um de seus títulos, para melhor compreender o autor.
Gostei muito.
Meu romance preferido é dom Casmurro,