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Liceu de Artes e Ofícios

Liceu de Artes e Ofícios

Antigo Liceu

O Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (LAOSP) é uma Instituição fundada em 1873, cujas principais atividades se dão no âmbito da educação profissional, atuando também na produção industrial e cultural.

História

Em 1873 um grupo de aristocratas pertencentes à elite cafeeira nacional, pretendia formar mão de obra especializada para uma futura possível industrialização do país, de acordo com os ideais positivistas que pregavam a “dignificação do homem através do trabalho”.

Carlos Leôncio da Silva Carvalho

Seu fundador, Carlos Leôncio da Silva Carvalho, era advogado e Deputado Geral (atualmente corresponde ao posto de Deputado Federal) e com o apoio financeiro da Maçonaria paulista e dos cafeicultores, conseguiu tornar real a Instituição para divulgação das Artes e Ofícios, fixando na formação de mão -de-obra especializada para a lavoura, indústria e comércio.

Inicialmente adotou-se o nome “Sociedade Propagadora da Instrução Popular”. O objetivo não era promover a educação profissional, lecionavam-se cursos noturnos de primeiras letras e Aritmética, entre outros, para adultos e crianças.

Desde essa época, porém, já existia um Conselho Superior presidido pelo Conselheiro Leôncio de Carvalho, que presidia a elite paulista do período.

Passados 7 anos, o Conselho Superior decidiu pela total reformulação da instituição e sua efetiva transformação em uma escola. Esta, ainda não possuía sede, nem diretrizes curriculares, e o modelo adotado para a nova instituição seriam as experiências europeias dos Liceus de Arte e Ofício (Arts &Crafts Schools) idealizadas por William Morris.

William Morris

 O movimento das Arts & Crafts (Artes e Ofícios) já ocorria na Europa há algum tempo e pregava a valorização do trabalho manual de artesão na indústria capitalista.

A Instituição de Ensino era voltada para a formação de artesãos e operários especializados.

Com a adoção do nome Liceu de Artes e Ofícios, o novo modelo passa a ser exercido e são ministrados cursos de marcenaria, serralheria, gesso, desenho, entre outros. Tudo isso dentro do espírito positivista–burguês das Artes e Ofícios.

Oficina dos ferreiros

 Consolidação

A partir de 1890, assume a direção do Liceu o arquiteto Francisco Paula Ramos de Azevedo, responsável por uma reforma curricular e administrativa da escola, a qual a faria prosperar de modo inédito.

Ramos de Azevedo

 Ramos de Azevedo também foi um dos fundadores da Escola Politécnica da futura Universidade de São Paulo. Trouxe da Bélgica um espírito empreendedor que ia de encontro aos interesses do Conselho Superior.

A partir de sua reforma, os alunos do Liceu (aprendizes), passariam a receber financeiramente, pela obra que produzissem. Esta obra levaria a marca de qualidade do Liceu estampada e seria vendida para todo o país. Com esse modelo o LAOSP tornou-se autossuficiente e independente.

A prosperidade financeira do Liceu possibilitou a criação de uma sede definitiva. Em 1897 o Escritório Técnico Ramos de Azevedo iniciou o projeto do edifício da Praça da Luz, nunca concluído, mas entregue em 1900. Este edifício, através de um acordo com o Estado de São Paulo, seria dividido entre o LAOSP e a recém-criada Pinacoteca do Estado.

Liceu antigo

 A produção industrial do Liceu prosperou nitidamente nos períodos de Guerras Mundiais com o aumento do consumo de itens produzidos no país, devido à redução de importações.

Nesse período passaram pelo Liceu nomes como:

                                                             

Victor Brecheret- Santos Dumont- Adoniran Barbosa

 Victor Brecheret, Alberto Santos Dumont, Adoniran Barbosa. O liceu se tornou o principal divulgador e realizador de obras em estilo Art Nouveau da cidade e do país.

Século XX

A partir dos anos 1950, com a adoção pelo país de um novo modelo de desenvolvimento industrial, os artesãos do Liceu passaram a ser inadequados para as novas atividades de produção. Ocorreu a separação entre a atividade industrial da Instituição e sua seção educacional, todo o ideal original de dissociabilidade entre Arte e Indústria se perdeu a partir daí.

Liceu reformado

São frutos dessa nova fase industrial a execução de esquadrias do MASP, fabricação de parte do mobiliário do Aeroporto Internacional de Cumbica, produção de Caixas Automáticos 24 horas, entre outros.

 

Emblema do Corpo de Bombeiros

Incêndio

No dia 4 de fevereiro de 2014, um incêndio danificou quase todo o acervo. Quadros, esculturas, móveis antigos e históricos do local, réplicas, em gesso, de obras primas como Davi e Pietá de Michelangelo ficaram destruídas.

Dois vigias avisaram o Corpo de Bombeiros quando o incêndio começou por volta de 1h. Ao todo 48 homens em 14 viaturas contiveram as chamas em 20 minutos. Apesar de ninguém ter ficado ferido, parte do forro do teto caiu, vidros se despedaçaram e o piso de madeira do local também foi danificado pelo fogo.

De acordo com o Capitão do Corpo de Bombeiros, 100% da área interna do prédio do Centro Cultural foi danificada.

Em virtude disso, o prédio foi totalmente reformulado, criando um Centro Cultural moderno.

Em agosto de 2018 a Instituição foi reaberta após uma grande reforma. Ele tem atualmente 150 anos de existência.

Na reconstrução, a fachada foi refeita e alterada, mantendo original somente a lateral, um pórtico na rua João Teodoro. Internamente o prédio está com um visual mais limpo, sendo mantidas as estruturas metálicas como decoração.

Está localizado na região central de São Paulo, no bairro da Luz. Vale a pena visitá-lo, não está muito longe da Pinacoteca do Estado.

A proposta do espaço é de trazer exposições temporárias, visto que antigamente ele só contava com o acervo do Liceu de Artes e Ofícios, onde era apresentado o espetáculo multivisão, um show de luzes em réplicas de gesso de grandes obras como Davi e Pietá de Michelangelo.

No incêndio algumas peças foram completamente danificadas, mas 8 delas conseguiram ser recuperadas, a de Davi, por exemplo, que está em frente ao Centro Cultural, as outras, estão na parte interna, em exposição.

Exposição 

Em sua reinauguração o piso inferior foi aberto, criando um grande pé direito, e lá está a exposição sobre a Instituição: “História do Liceu-Percurso Histórico”, onde ela faz uma lista do tempo, desde a inauguração em 1873 por um grupo da cultura cafeeira de São Paulo, passando pela época em que eram produzidos mobiliários e ferragens para decoração, portões etc. de altíssima qualidade, até os dias atuais.

            

Foto dos móveis

Visitando essa exposição, percebe-se a importância deste Liceu para a cidade de São Paulo, pois contribuiu, e muito, para o embelezamento da cidade, com seus trabalhos artísticos.

Porta da catedral da Sé

Escultura de Caxias

Lustre da Pinacoteca

Peças que lá foram feitas: Portas da Catedral da Sé, o Monumento do Duque de Caxias em seu cavalo (estátua com 16 metros de altura, em bronze; ela fica na Praça Princesa Isabel), e um lustre enorme que está na Pinacoteca de São Paulo. Aliás, muitos desses lustres decorativos enormes e portões de ferro pelo centro de São Paulo foram feitos pelos artesãos do Liceu.

Monumento a Bandeira

Seu autor chama-se Victor Brecheret, escultor ítalo-brasileiro, considerado um dos mais importantes do país. Ele é responsável pelo modernismo na escultura brasileira. É de sua autoria o Monumento à Bandeira.

 

Monumento a Ramos de Azevedo

É necessário dizer algo sobre o monumento histórico em homenagem póstuma a Francisco Paula Ramos de Azevedo, um dos nomes mais importantes da arquitetura e urbanismo em São Paulo. A obra foi executada pelo escultor italiano Galileu Emendabili que chegou a São Paulo há 100 anos e que mudou a paisagem da cidade. É de bronze e granito. Foi inaugurada em 1934 na avenida Tiradentes. Devido às obras do metrô em 1967, o monumento foi desmontado e transferido para Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, na zona oeste de São Paulo e reinaugurado em 1973.

Obelisco

Há, também de autoria de Galileu, outras obras em espaços públicos como o Obelisco do Ibirapuera. Era um homem de grande sensibilidade.

 

Galileu Emendabili

O piso superior do Liceu, está destinado às exposições temporárias em geral. Lá, encontram-se cerca de 50 móveis e objetos entre eles, bancos, vasos, mobiliários.

Os trabalhos de seus alunos têm um selo de qualidade e de embelezamento. O Colégio Técnico também prezou pela excelência no ensino.

O Liceu foi o grande exemplo de valorização do trabalho não só em São Paulo, mas também no Brasil.

A visita é recomendada e gratuita.

Rua Cantareira – 1315 em São Paulo.

Helena Landell

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