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Jean Paul Sartre

Jean Paul Sartre

Jean Paul Sartre, o mais famoso dos existencialistas, um dos principais filósofos do século XX e que viveu grande parte dos acontecimentos deste século, nasceu em Paris no dia 21 de junho de 1905. Filho de Jean-Baptiste Sartre e de Anne-Marie Schweitzer.

Ficou órfão de pai muito cedo, quando tinha apenas um ano de vida. Diante disso, mudou-se com sua mãe para a cidade de Meudon, próximo à capital, onde passaram a viver na casa de seus avós maternos.

 

                 

Seu avô era alemão, professor desta língua e se exilou na França no século XIX. Era um intelectual e promoveu uma educação de elite para seu neto, esta, voltada para a literatura clássica, para o aprendizado de línguas e para a ciência.

Desde cedo Sartre lia muitos clássicos e se interessava pelas artes, principalmente o cinema, o que mais tarde o levaria a escrever peças de teatro e novelas. Com apenas 10 anos ganhou sua primeira máquina de escrever e ingressou no Liceu Henri IV de Paris.

Com pouca idade já tinha interesse sobre liberdade, consciência, de modo que seu interesse abrangia o indivíduo na sua totalidade. Interessava-se pela psicologia, não somente aquela científica, como vemos hoje, mas sobre o funcionamento interno do indivíduo, o que faz ele ser como ele é.  Com o decorrer do tempo começou a responder com maestria.

Henri Bergson

Paul Nizan

Em 1921 Sartre ingressa no Liceu Louis-Le Grand, tradicional liceu francês fazendo um curso preparatório para ingressar na Universidade. Neste momento Sartre conhece Paul Nizan e a filosofia do professor Henri Bergson que vai influenciar um pouco seu pensamento quando Sartre ainda estava terminando seu curso básico.

Simone de Beauvoir

Em 1924, aos 19 anos, Sartre entra no curso superior de filosofia na Escola Normal Superior de Paris e lá conhece Simone de Beauvoir, sua parceira intelectual e amante por toda a vida. Moravam em casas separadas e tendo inclusive relacionamentos com outras pessoas, tanto ele quanto ela.

Graduou-se em 1928, trabalhou como professor e com isso decidiu aprofundar seus conhecimentos na filosofia existencialista para assim criar sua própria teoria.

Em 1930 Sartre serve o exército pela primeira vez como meteorologista e passa uma temporada alistado (o serviço militar era obrigatório).

Em 1933 termina a escrita do seu primeiro romance, o qual não foi editado; os editores não gostaram da estória.

Após a rejeição do seu livro, ganhou uma bolsa de estudos e foi para Berlim onde ingressou no Instituto Francês. Lá, começou a estudar filosofia e se aprofundar no estudo dos filósofos alemães como: Nietzsche, Heidegger e entra em contacto com um pensador dinamarquês: Kierkegaard. Foi quando dedicou-se aos estudos de fenomenologia e existencialismo destes filósofos.

Estudando em Berlim, tendo aulas com Heidegger, conhece o pensador Karl Jaspers e com ele troca experiencias filosóficas, durante um tempo.

Após sua estada em Berlim escreve seu primeiro romance publicado: “A Náusea”. Neste romance ele já anuncia alguns traços do seu existencialismo que somente serão explicados em um trabalho filosófico anos depois.  É o seu primeiro sucesso literário.

A Náusea

“Então é isso a náusea, essa existência ofuscante? Existo -o mundo existe- e sei que o mundo existe. Isto é tudo. Mas tanto faz para mim. É estranho que tudo seja tão indiferente: isto me assusta. Gostaria tanto de me abandonar, de deixar de ter consciência da minha existência, de dormir. Mas não posso, sufoco; a existência penetra em mim por todos os lados, pelos olhos, pelo nariz, pela boca… E subitamente, de repente, o véu se rasga: compreendi, vi. A náusea não me abandonou e não creio que me abandone tão cedo, mas já estou submetido à ela, já não se trata de uma doença, nem de um acesso passageiro: a Náusea sou eu.”

Em 1943 publica seu livro mais importante: “O Ser e o Nada“ e continua a escrever romances, contos e peças teatrais que complementam e ilustram suas investigações filosóficas como a famosa  “Entre quatro paredes”, em 1945. Estas três obras: A Náusea 1938 , O Ser e o Nada 1943 e Entre quatro paredes 1945, formam a base do seu pensamento.

Na sua obra filosófica O Ser e o Nada, Sartre vai atacar a filosofia Aristotélica. Para Sartre o Ser é o que é, nada pode sobrevir ao ser. Além do Ser só há o nada“.

“O homem está condenado a ser livre (…), uma vez jogado no mundo ele é responsável por tudo o que faz”. Esta sentença resume bem o pensamento de Sartre. Ele é uma figura controvérsia. Muitos militantes da direita o condenam por ter defendido ideias marxistas, enquanto um outro tanto de militantes da esquerda o condenam por ter rompido com o partido francês e por ter criticado duramente o stalinismo. Além de considerar o existencialismo uma filosofia burguesa. Alguns o condenam por sua falta de fé, em uma força superior. Outros afirmam que sua filosofia leva à ausência de valores e a destruição da ordem e ainda há aqueles que o consideram simplesmente pessimista demais.

Em sua defesa afirma que a angústia que caracteriza o existencialismo vem do fato que ele precisa assumir responsabilidade.

Por sua vez, o ensaio de O Existencialismo é um Humanismo, de 1946, apresenta uma explicação de suas principais ideias de uma forma didática. Uma profunda compreensão de suas ideias exigiria mais tempo e dedicação.

É curioso, as pessoas conhecem Sartre como filósofo, mas era também dramaturgo, poeta, escreveu peças de teatro, inclusive dirigiu um filme, um documentário.

Nota: Como há muito o que dizer sobre Sartre continuaremos na próxima semana.

Helena Landell

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  • Muito bacana ...
    Belo texto com riqueza de informações.

    Esta colocação é fenomenal "O homem está condenado a ser livre (…), uma vez jogado no mundo ele é responsável por tudo o que faz”.

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Helena Landell

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