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Estrada de Ferro Madeira-Mamoré-2

Estrada de Ferro Madeira-Mamoré-2

Getúlio Vargas

Em 1937 o então Presidente Getúlio Vargas apontou Aluísio Pinheiro Ferreira como o novo Diretor da Ferrovia, função que exerceria até o ano de 1966.

Aluísio Pinheiro Ferreira 

Em 25 de maio de 1966, depois de 54 anos de atividades, a EFMM teve sua desativação determinada pelo então Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco, o qual determinou a substituição por uma Rodovia, por conta do acúmulo de prejuízos.

Castelo Branco

Antigamente, em todo esse percurso eram 48 paradas que o trem fazia.

Vila de Teotônio

Atualmente é possível ver um trecho da Ferrovia do Diabo rodeada de mato, localizado na Vila de Teotônio, em Porto Velho. Alguns outros trechos menores foram recuperados para visitação.

Em meio século, só por duas vezes o trem voltou a fazer pequenos percursos turísticos dentro da capital.

Guajará-Mirim

A estação de Guajará -Mirim está em abandono, com telhado caindo, assim como a maior parte das edificações da ferrovia. Peças e trilhos que integram o Patrimônio histórico, são frequentemente roubadas.

Todavia, por faltas de recursos para manutenção, a passagem de trens é possível apenas no primeiro trecho.

Outro fato que contribuiu para o fracasso da ferrovia foi o fato de, a borracha brasileira começar a ser desvalorizada no mercado externo justamente na época de sua construção. Nos anos 30 a EFMM foi praticamente desativada e em 1972 parou totalmente de funcionar.

Em 1980 o governo de Rondônia iniciou um projeto de recuperação. Os 7 quilômetros reconstituídos operavam com fins turísticos até 2.000.

Danna Merril

Graças a um fotógrafo norte americano de nome Danna Merril, que fazia parte do grupo da construção, temos os registros da batalha entre o homem e a natureza, que ele próprio testemunhou.

É um valioso documentário fotográfico relatando as adversidades da construção MM e se não fosse ele, nós não saberíamos hoje, como surgiu Porto Velho.

    

       

Coleção Dana Merrill

Após cinco anos de paralização, no dia 2 de novembro de 2005, uma composição faria uma única viagem, transportando convidados para participar de uma missa. Era dia de Finados e no Cemitério da Candelária, este evento religioso foi em memória às centenas de operários de diversas nacionalidades que faleceram durante a construção da ferrovia.

Prédio da estrada de Ferro M.M. na cidade de Porto Velho em 2001

 Finalmente a 10 de novembro de 2005, a ferrovia histórica foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Em 28 de dezembro de 2006, o Ministério da Cultura homologou através da Portaria 108, o tombamento da EFMM, como Patrimônio Cultural Brasileiro.

O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) autorizou em novembro de 2011 o início das obras de restauração da grande oficina da EFMM, que possui 5.700 metros quadrados e 13 metros de altura.

Oficina da EFMM

O trabalho de revitalização, pago pelas compensações, dos impactos causados pela construção das Usinas hidroelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, deveria estar concluído até 2014. Estava previsto o funcionamento de locomotivas como trem turístico, no trecho entre a estação de Porto Velho e Santo Antônio, totalizando aproximadamente 8 quilômetros.

Patrimônio Histórico abandonado, trilhos, vagões, locomotivas peças que cruzaram o Oceano Atlântico para chegar à região amazônica há mais de 100 anos.

Tudo o que hoje está a céu aberto sofrendo os efeitos do tempo, foi trazido da Europa em meados de 1900 em navios a vapor.

Entre 1907 e 1912, não havia aeroportos nem estradas, o único meio de acesso era pelo rio Madeira. Navios cargueiros transportando equipamentos, mercadorias, passageiros, trabalhadores, navegavam de 90 a 100 dias dos Estados Unidos para cá, ou seja, mais de 3 meses navegando.

Havia também o problema do material empregado na construção da Ferrovia, pois todo o material vinha do exterior.

Naquela época não havia a possibilidade de trocar alguma peça que viesse errada, era necessário adaptá-la.

O que restou da EFMM permanece como um triste símbolo de descaso em relação ao passado.

 

Porto Velho

A capital centenária que nasceu nos trilhos de uma ferrovia, com quase 500.000 habitantes, Porto Velho é a terceira maior cidade da região norte, ficando atrás somente de Manaus e Belém.

Ela foi marcada por histórias de coragem, desde a construção em plena selva, da EFMM.

O início da construção, a estação da partida do trem foi construída 7 quilômetros abaixo do rio Madeira, na cachoeira de Santo Antônio. É em torno desta Estação Ferroviária que se desenvolve a cidade de Porto Velho.

  

No dia 10 de junho de 1972, quando o coronel Inaldo Seabra de Noronha estava ali, no pátio da Estação com todos os funcionários, as máquinas apitaram por 5 vezes pela última vez, era de cortar o coração!

 É uma história de luta, é uma história intensa, é uma história de multiculturalidades e é uma história que merece ser divulgada em todos os lugares. Não é só uma história de Rondônia, é uma história de ocupação da Amazônia, é uma parte da História do Brasil, ela compõe um processo de industrialização mundial, então ela precisa ser conhecida por todo o mundo!

Helena Landell

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