As Catacumbas são um local histórico em Paris.
Na metade do século XVIII a maior parte das igrejas de Paris possuía seus próprios cemitérios. Entretanto, o crescimento da cidade acumulou gerações e mais gerações de despojos funerários para os quais os cemitérios não ofereciam mais espaço.
As Catacumbas de Paris são uma rede de túneis que servem como cemitério para milhões de pessoas de diversas épocas. Calcula-se que os restos mortais de mais de 6 milhões de pessoas possam estar enterradas nos mais de 300 quilômetros de túneis, também chamados de galerias. Estas estão localizadas a dezenas de metros de profundidade, no subterrâneo de Paris.
Este complexo subterrâneo tem alguns segmentos, vários níveis sobrepostos e é composto por tubos de comunicação consideravelmente estreitos, mas há também salas maiores.
As redes foram escavadas a partir do século XII com o intuito de fazer a extração de calcário, utilizado para a construção de edifícios. Estas rochas são encontradas principalmente na margem esquerda do rio Sena, que atravessa a Capital francesa de leste a oeste.
Ao mesmo tempo, ao norte de Paris, as pedreiras subterrâneas dos bairros de Montmartre e Ménimontant eram utilizadas para extrair gesso.
Os únicos corpos que foram sepultados diretamente nas Catacumbas, foram os mortos nos combates da Revolução Francesa.
A história das Catacumbas começa quando estas ainda não eram covas. No início esses túneis serviam como canteiros de pedra calcária, para construir grande parte dos monumentos e edificações que podem, atualmente, ser visitados. Nesta época, os túneis chamavam-se “Les carrières de Paris” (Os canteiros de Paris).
As paredes de todo o sistema de túneis de Paris, são cobertas de inscrições e grafites que datam desde o século XVIII.
Em 1780, o cemitério Saints Inocents, o mais importante da cidade, foi fechado a pedido da população. A lotação do cemitério era tal que a população vizinha ao mesmo, estava adoecendo devido à contaminação provocada pelo excesso de matéria orgânica em decomposição.
A fim de combater as epidemias e doenças que assolavam a população, foi decidido trasladar os cadáveres e ossos dos diferentes cemitérios da cidade para as Catacumbas. O ossário recebeu o nome de “Catacumbas” em referência às necrópoles subterrâneas da antiga Roma.
No local foram depositados os restos mortais de milhões de pessoas que faleceram em Paris entre os séculos X e XVIII, provenientes de diferentes cemitérios parisienses.
Dos 300 quilômetros que existem escavados, só se pode ver uma pequena parte.
Em novembro de 1785, o Conselho de Estado Francês decidiu pela necessidade de reformular o sistema de cemitérios de Paris e pela imediata tomada de providências. Novos cemitérios foram construídos na periferia da cidade, porém, restava a preocupação do que fazer com os cemitérios superlotados já existentes.
A ideia de utilizar os fósseis abandonados das pedreiras parisienses, é creditada ao chefe de Polícia, General Alexandre Lenoir e levada a cabo por ordem de seu sucessor.
As primeiras ossadas transferidas saíram do cemitério Saint-Nicolas-des-Champs, após as Catacumbas terem sido abençoadas, em 4 de abril de 1786.
Inicialmente as ossadas foram jogadas de qualquer modo nas Catacumbas. Somente na época do Império francês, a partir de 1810 foi que as ossadas foram dispostas nos corredores da Catacumba com certa criatividade artística.
Ossos longos como o fêmur e tíbia, foram colocados à frente, formando verdadeiras paredes de ossos adornadas com os crâneos em desenhos geométricos.
Por trás dessas paredes foram depositados os ossos menores e mais irregulares.
Embora a visita às Catacumbas seja algo ‘arrepiante”, é curioso contemplar os infinitos ossos humanos e caveiras agrupados, formando extensas construções. Apesar de ser uma visita turística, as Catacumbas não são um dos lugares mais massificados pelo turismo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, membros da Resistência francesa utilizaram assiduamente os túneis de Paris. Os alemães também se serviram dos mesmos, chegando a construir Bankers e casamatas nas suas galerias.
Na segunda metade do século XX, como sempre, os subterrâneos de Paris foram utilizados por grupos das mais diversas ideologias. Grupos de ativistas políticos, religiosos, artistas, aventureiros, usuários de drogas e vários outros serviram-se dos subterrâneos para seus propósitos, o que ocorre ainda hoje.
Os subterrâneos de Paris também foram utilizados para passagem de cabos telefônicos, de TV por assinaturas e acesso à internet. Todavia devido a inúmeros casos de vandalismo e dificuldades de acesso, tais cabos foram transferidos para tubulação específica mais superficial e protegida.
A parte dos subterrâneos ocupada pelo ossário continua reservada e é aquela à qual os turistas têm acesso com total segurança.
Com a especulação imobiliária e necessidade de reforço para segurança das edificações, uma média de 5 quilômetros da rede de túneis existentes tem sido bloqueada anualmente, por estruturas de cimento.
O local foi aberto ao público em 1809, porém, apenas com agendamento.
Recebeu visitantes ilustres como Napoleão III, em 1860, e até mesmo um concerto clássico clandestino, com músicos de Óperas de Paris foi realizado no subterrâneo em 1897.
Victor Hugo usou seus conhecimentos sobre os subterrâneos de Paris, ao escrever “Os Miseráveis”.
Atualmente o acesso é livre, sem autorização e recebe aproximadamente 550 mil visitantes por ano, em um percurso de um quilômetro e meio. Esse percurso oficial ocupa uma pequena fração da “Grande Rede Sul”, estritamente proibida para os visitantes. Elas se estendem por mais de 100 quilômetros sob os distritos 5/6, 14/15 de Paris. Há grades de ferro, trancadas, para que pessoas não entrem nestes caminhos.
Para garantir que a proibição das visitas seja cumprida, existem os “cataflics” ( no francês popular flic significa polícia),que são agentes de intervenção e proteção que inspecionam periodicamente os túneis e as áreas subterrâneas.
Os visitantes, frequentemente os jovens, correm o risco de receber uma multa caso sejam pegos pela patrulha.
Há também uma microssociedade de entusiastas das Catacumbas que se autodenominam os “catáfilos”. Entre eles há foliões, pichadores e entusiastas do patrimônio “catalimpadores” que se dedicam a fazer corridas subterrâneas com lanterna na testa.
As Catacumbas são uma verdadeira obra de Arte, somente entram 200 pessoas de cada vez. Há um painel marcando esta quantidade, de entrada e de saída.
Após passar o controle, começam as escadas e são muitas! Não há elevador. Não é um passeio recomendável para cadeirantes ou pessoas com dificuldade de andar.
A visita ou caminhada dura entre uma hora e hora e meia.
As Catacumbas estão abaixo da linha de metrô.
No seu interior faz frio e é úmido. Mesmo no verão, é aconselhável levar um agasalho.
Localização – Avenida Colonel Henri Rol-Tanguy no 14 arrondissement.
Metrô Denfert-Rochereau, linhas 4 e 6.
Está a 105 quilômetros do Jardim de Luxembourg.
Vale a pena participar deste passeio tão diferente!
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Que matéria interessante Maria Helena, adorei saber. Obrigada. Bjos 🥰🩷
Que bom que gostou Luci!
Bom dia, querida.
Sobre as catacumbas... seria verdade que um porteiro de hotel curioso entrou e se perdeu naquele labirinto, sendo seu corpo encontrado somente 11 anos depois? 😮