Camille Pissarro
O Impressionista que veio do Caribe
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Camille Pissarro (1830 – 1903), um dos impressionistas
menos conhecidos, porém, um dos mais fortes, mais importantes e que fez a ponte para o pós-impressionismo, uma espécie de Pai.
Pissarro professava opiniões socialistas e se interessava pelo destino do povo. Pintava além de suas célebres paisagens de Paris, cenas de camponeses, a exemplo do que fizera seu compatriota Jean-François Millet.
Pinturas de Paris
Levou uma vida fascinante que, sem dúvida vale explorar.
Pissarro veio de origens interessantes e levou uma vida com reviravoltas ainda mais interessantes. Uma grande força no mundo da Arte que muito ajudou a moldar o Impressionismo tal qual o conhecemos hoje.
Jacob Abraham Camille Pissarro, nasceu na ilha de Saint Thomas, nas Ilhas Virgens, antiga colônia dinamarquesa no Caribe, no dia 10 de julho de 1830. Era filho de Abraham Gabriel Pissarro, um judeu português e de Rachel Monzano Pomie, natural da República Dominicana. Naquela época, Saint-Thomas era um território holandês.
Cidade de Saint Thomas nas ilhas Virgens, no Caribe
Com 12 anos de idade Pissarro foi estudar em um internato em Paris, onde ganhou uma profunda apreciação pela Arte francesa. De volta à terra natal passou a cuidar do comércio da família e no tempo livre se dedicava à pintura, esboçando e pintando as lindas paisagens naturais que a Ilha oferecia.
Fritz Melbye
Em 1849, com 21 anos conheceu o pintor dinamarquês Fritz Melbye o qual, na época, estava morando em Saint-Thomas. Este, tornou-se professor, mentor e amigo de Pissarro. Os dois se mudaram para a Venezuela onde passaram dois anos trabalhando como artistas, viajando em uma expedição que atravessou o país, retornando à capital francesa com vários esboços em 1852.
Sua criação interessante e as paisagens do Caribe, certamente moldaram Pissarro no pintor de paisagens impressionistas que ele se tornara.
Parte da obra inicial de Pissarro foi destruída na Guerra Franco-Prussiana. Esta, que durou de 1870 a 1871 fez com que o artista e sua família fugissem em setembro de 1870, para Londres. Foi nesta época que Pissarro pintou áreas de Sydenham e Norwood, a maior das quais é uma pintura comumente chamada de Avenue Sydenham, a qual atualmente está exposta na National Gallery de Londres.
Foi durante seus anos em Londres que Pissarro conheceu Paul Durand-Ruel, um negociante de Arte, o qual viria tornar-se o mais importante, no gênero, da nova escola do Impressionismo francês.
Durand-Ruel comprou duas pinturas de Pissarro da era londrina.
Quando a família retornou a França, em junho de 1871, foi devastador, a casa deles havia sido destruída por soldados prussianos e com isso muitas de suas primeiras pinturas foram perdidas. Apenas uma minoria de suas obras sobreviveram!
Pissarro foi o único artista a expor trabalhos tanto do Impressionismo quanto do pós-impressionismo. Não foi só isso, mas foi o único artista a expor em todas as 8 exibições de Paris.
Três anos depois, encorajado pelo pintor Corot, Pissarro dedicou-se à pintura de paisagens. Estudou na Escola de Belas Artes e na Academia Suíça. Também teve como amigos Claude Monet e Paul Cézanne. É dessa época a obra “Duas mulheres à beira do lago”.
Com a afirmação de sua personalidade e como aluno de Jean-Baptiste-Corot, Pissarro foi classificado no Catálogo para exposições de Salão de Paris, em 1859, com a obra “Paisagem em Montmorecy”
Camille Pissarro aderiu ao Impressionismo e em 1863 participou do Salão dos Recusados. Em busca de novas paisagens mudou-se para Pantoise, na região rural do norte da França. É dessa época a tela “L’Hermitage a Pontoise”
Em 1869, ele foi morar em Louvecienne, na margem do rio Sena.
Louvecienne
Landscape Near Louveci
Ao voltar para a França, Pissarro instalou-se em Pontoise e lá participou de um grupo de artistas sem definição, os quais passaram a produzir quadros acabados ao ar livre, resultando em telas menores e pessoais. Foi nesta época que trabalhou com Cézanne.
Para representar a luz do sol na água, utilizavam pinceladas rápidas e “interrompidas”, em vez de serem modeladas suavemente. As cores dos objetos eram modificadas pelo ambiente, reflexos coloridos foram introduzidos nas sombras. São dessa época: “Bank of the Oise Nera Pontoise” e “ The River Oise Near Pontoise”.
The River Oise Near Pontoise
Em 1874, rejeitados pelo Salão e precisando de sucesso comercial, o grupo formado por cerca de 30 artistas, entre eles Monet, Renoir, Sisley e outros, realizaram sua primeira exposição independente.
O entusiasmo de Pissarro, o levou a ser um dos principais incentivadores da exposição realizada no estúdio do fotógrafo Nadar.
Fotógrafo Nadar
Alguns dias depois, o crítico Louis Leroy falou sobre “Impressão do nascer do sol” ( Impression soleil levant), referindo-se ao quadro de Monet, que, segundo ele, retratava a impressão de uma cena, e não a realidade.
A expressão acabou dando nome ao Movimento. Camille Pissarrro e Degas foram os únicos pintores a participar das 8 exposições do grupo. Entre as obras deste período destacam-se :Study at Pontoise e Reaping the Reivard.
Na época da última exposição, em 1866, o gênero havia mudado profundamente, com a inclusão de artistas como Paul Gauguin, Georges Seurat, Paul Signac, cujas contribuições nem sempre eram admiradas por alguns artistas mais antigos.
Pissarro exibiu telas usando a mais nova técnica “pontilhista”, com o uso de cores puras aplicadas em pontos tão pequenos que se fundiam e formavam um tom intermediário quando vistos à uma distância apropriada.
A utilização desta técnica levou os artistas a serem chamados de “neo-impressionistas”.
A partir de 1890, Pissarro abandonou gradualmente o neo-impressionismo, passando a captar melhor as sensações da natureza explorando os efeitos da luz, como na obra “Por do sol em Éragny”.
Foto do quadro Por do sol em Éragny
Desde 1895, uma doença ocular obrigou Pissarro a trabalhar em ambientes fechados. Suas últimas obras foram paisagens urbanas de Paris e Rouen, realizadas através de janelas. São dessa época: The Boulevard Montmartre at night e The Boulevard Montmartre.
Realizou seu trabalho usando as mais diversas técnicas, desde o óleo, a aquarela, a litografia e a água forte. Suas telas foram um brilhante conjunto de paisagem, tanto rural quanto urbano. Sua obra se caracterizou por uma paleta de cores suaves e pela firmeza com que conseguiu captar a natureza e os efeitos da luz e sombras, embora não se veja os detalhes daquilo que está sendo retratado.
Figura paterna, líder impressionista e grande influenciador, Pissarro é um nome conhecido no mundo da Arte. Da próxima vez que você vir uma obra imponente do impressionismo, você pode e deve agradecer a Pissarro por sua participação no incentivo ao movimento.
Camille Pissarro faleceu em Paris no dia 13 de novembro de 1903 aos seus 73 anos.
Que linda matéria ! Obrigada Maria Helena! 🥰😘