São Paulo, final do século XIX e início do século XX.
A cidade outrora modesta e nada cosmopolitana ganha notoriedade com a explosão do café.
O poderoso “ouro verde” desponta como importante motor da economia nacional, cujo cultivo, até então concentrado no vale do Paraíba, se alastra por todo o estado de São Paulo. Até 1920, o grão destaca-se como principal produto de exportação do país, gerando grandes fortunas nas fazendas do interior paulista.
Na virada do século XIX para o XX, a riqueza acumulada no sertão leva a maioria dos grandes fazendeiros a se estabelecer na cidade grande. Com a entrada em cena dos barões do café, a capital paulista dá um salto em desenvolvimento.
Antônio Prado, primeiro prefeito de São Paulo (1899-1911) inicia o processo de modernização da cidade, com a construção de pontes, aterramento de várzeas, a reforma do Jardim da Luz, e a pavimentação e arborização das principais vias.
Grande centro cultural do mundo no século XIX, Paris fascina a aristocracia cafeeira.
Com o lançamento do navio a vapor, a elite paulistana passa a viajar com frequência para a Europa e principalmente para a cidade luz onde se habitua à língua de Victor Hugo e à educação francesa.
Para promover a ligação do centro velho com a cidade nova, o arquiteto francês Jules Martin propõe em 1877 a construção de um viaduto de São Paulo, conhecido como Viaduto do Chá. O projeto visa erguer um caminho para pedestres para o Vale do Anhangabaú. Conforme foi idealizado por Martin, para cruzar o Viaduto é preciso pagar pedágio: 60 réis por pedestre e 200 réis para os bondes.
Quatro anos depois, em 1896, pela Lei 276, o acesso ao local é liberado.
A expansão cafeeira, portanto, dá início à uma era de mudanças, pois os novos donos do poder exigem um lugar à altura de sua importância econômica e social.
Esta demanda é sentida desde o final do século XIX, a partir da construção do Viaduto do Chá.
A Estrada de ferro Sorocabana é inaugurada em 1875.
A produção de café é tão expressiva que leva a companhia inglesa de São Paulo, Railway, a construir uma nova Estação da Luz no lugar da original, em 1867. Maior e mais imponente, ela ganha um projeto arquitetônico assinado pelo inglês Charles Henry Driver.
Para ser erguida no centro da cidade, a estação atravessa o Oceano Atlântico de navio, inteiramente desmontada. São pregos e tijolos da Inglaterra, madeira (pinho de riga) da Irlanda, telhas cerâmicas de Marselha, na França.
No dia primeiro de março de 1901, ela é inaugurada, tornando-se o símbolo do café de São Paulo.
Neste momento, a elite paulistana começa a se transferir do centro velho para os novos bairros com abastecimento de água, como o Campos Elíseos, uma clara alusão à parisiense Champs- Élysées. Com ruas arborizadas e infraestrutura moderna, o bairro torna-se o lugar ideal para a construção de mansões da aristocracia cafeeira. Muitas delas são réplicas dos palacetes franceses.
Com o poder econômico gerado pelos cafeicultores, os paulistanos experimentam o significado da palavra progresso.
As salas de cinema mudo animam o centro, os bares e cafés enfeitam a cena noturna.
As lâmpadas da Light começam a iluminar ruas e avenidas que passam a atrair a boemia tão característica de Paris!
A diversão é encontrada em lugares como o Moulin Rouge, uma espécie de café -concerto, claramente registrado nos estabelecimentos parisienses. Sua localização é perfeita, a Avenida São João.
Os comerciantes franceses são parte importante do cenário paulistano do início do século XX. Os primeiros imigrantes começaram a desembarcar na cidade em meados do século XIX período em que a cidade já contava com a Associação dos Comerciantes Franceses.
Para atender a elite, surgem comércios sofisticados compostos por lojas, tabacarias, chapelarias, joalherias, etc.
Nessa época, os nomes de origem francesa dominam as placas de estabelecimentos comerciais do centro da cidade e das propagandas que estampam os jornais como Au Printemps, La Grande Duchesse, Au Louvre, Notre Dame de Paris e à La Pendule Suisse. Esta última situa-se na esquina da XV de novembro com a rua Boa Vista.
Pertencente ao francês Maurice Grumbach, um relojoeiro e joalheiro que trabalhava com fornecedores de Paris e da Suíça, a loja vende objetos à altura das exigências da elite paulistana como lindas abotoaduras.
Outro endereço importante é a Casa Fretin, inaugurada na rua São Bento em 1895 por Louis Albert Fretin.
Embora nascido no Brasil, pertence à segunda geração de imigrantes franceses que desembarcou em São Paulo em meados do século XIX. Com o passar do tempo, a loja diversifica e passa a oferecer instrumentos óticos, cirúrgicos e cutelaria.
Os produtos importados são tão significativos que, em 1906 Fretin instala um escritório de compras em Paris, no Fauburg Poissonière, região dos armazéns e atacados da cidade luz.
Em 23 de outubro, deste mesmo ano, Alberto Santos Dumont realiza seu voo histórico com o seu 14 bis no Campo de Bagatelle, na capital francesa.
O voo do inventor e aviador brasileiro torna-se o primeiro do mundo a ser homologado pelos órgãos oficiais da aviação da época – L´Aéro Club de France et Fédération Aéronautique Internationale.
Na São Paulo do início do século XX, entretanto, os integrantes da elite não precisam mais viajar à Europa para adquirir pratas Christofle, porcelanas de Limoges e cristais Baccarat, tudo pode ser encontrado nos sofisticados comércios do centro da cidade como a Casa Netter e au Grand Dépot L.Grumbach.
No limiar do século XX, o Brasil gira em torno dos modismos ditados por Paris. De lá são importados mobiliários, objetos de decoração, roupas e livros. Os intelectuais brasileiros devoram as obras dos escritores e poetas franceses como Anatole France, Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire, Honoré de Balzac, Paul Verlaine.
Coco Chanel Gabrielle Chanel nasceu em 19 de agosto de 1883 em Saumur, na França,…
Tradições e Festivais da França 5 – Festa da Música (Fête de la Musique…
Madelaine A Igreja da Madalena (em francês Église de la Madeleine), situada perto da praça…
O Folies Bergère O Folies Bergère é uma das relíquias da Belle Époque, mergulhando o…
View Comments
Adorei a matéria!