Cemitério Père Lachaise – 2
Sarah Bernhardt (1844-1923)
Túmulo de Sarah Bernard
Amiga de Oscar Wilde, uma das primeiras celebridades mundiais, a atriz francesa, a predileta do Imperador Napoleão III, causou polêmica na virada do século XX por usar calças compridas, interpretar homens e ter amantes mulheres. Representante do imperialismo cultural francês da época, Sarah veio por três vezes ao Brasil.
Durante uma peça de teatro, no Rio de Janeiro, em 1905, levou um tombo no palco, o qual abalaria sua saúde para sempre. Depois de ter sua perna amputada, em 1915, morreu de problemas renais.
Marcel Proust (1871-1922)
A proximidade da morte foi corriqueira na vida do autor de “Em busca do tempo perdido”. Em 1905, após receber uma fortuna de herança de sua mãe, cada vez mais doente e alquebrado, recolheu-se em sua casa em Champs Élysées, em Paris e escreveu os sete volumes de sua obra prima .
Por várias vezes Proust considerou a obra terminada, porém, sempre a retomava para dar alguns retoques.
Viveu meio enclausurado até a sua morte causada por uma bronquite.
Allan Kardec (1804-1869)
Fundador do espiritismo – seu túmulo é o mais visitado pelos brasileiros.
Kardec ou Hypolyte Leon Demizard Rivail, foi um célebre professor de física, química, linguística e astronomia.
Em 1854 deparou com fenômenos estranhos, como mesas que se mexiam sozinhas. Estudou os fatos e escreveu “O Livros dos Espíritos.”
Morreu em 1869, devido à ruptura de um aneurisma.
Honoré de Balzac (1799-1850)
Túmulo de Honoré de Balzac
Balzac foi um escritor francês, um dos mais importantes do romantismo e é considerado o fundador do realismo na literatura moderna.
Passava aproximadamente 15 horas por dia escrevendo, movido à muitas xícaras de café. Morreu aos 51 anos. Uma de suas principais obras foi “A Comédia Humana”, uma série de romances notáveis e contos. Na sua obra, suas observações psicológicas são extraordinárias!
Victor Noir (1848-1870)
Pierre_Bonaparte
Túmulo de Victor Noir
Victor Noir, símbolo sexual do cemitério Père Lachaise, foi um jornalista francês da época do segundo Império. Depois de ser baleado e morto pelo príncipe Pierre Bonaparte (1815-1881), que era primo do Imperador francês Napoleão Bonaparte III, Noir tornou-se um símbolo de oposição ao regime imperial.
Victor Noir, pseudônimo de Yvan Salmon, tornou-se importante pela forma como morreu e pelas circunstâncias políticas do seu falecimento.
Este obscuro e desconhecido jornalista, o qual tinha apenas 21 anos de idade quando foi assassinado, mais tarde, foi homenageado pela Nova República como herói nacional, mártir revolucionário, símbolo da repressão do Império em busca da liberdade.
Em 1870 ele foi enterrado no cemitério de Neully, mas foi transferido para o Père Lachaise em 1876.
Para lembrá-lo para sempre, após uma concorrência nacional, o famoso escultor Jules Dalou (1838-1902) foi escolhido para realizar a sepultura monumento no cemitério parisiense.
A estátua de Victor Noir foi baseada em desenhos da imprensa da época. Foi concebida com detalhes impressionantes, inclusive uma ereção póstuma, um priapismo, habitual nos cadáveres de homens que são enforcados.
Na construção da obra foi empregada uma técnica bem conhecida pelos escultores da época, que era usar um modelo nu, ressaltando suas formas musculares e depois vesti-lo com roupas bem justas.
Na escultura de Victor Noir, pode-se vê-lo com a boca meio aberta, os braços caídos, as dobras perfeitas do casaco, o detalhe do tiro no peito, o chapéu caído na calçada e as calças entreabertas. O que mais chama a atenção, é a proposital virilidade com bem-dotada saliência sobre as calças.
O desgaste nos lábios, nos sapatos e na virilha da estátua mostram que existem pessoas que levam esta ideia muito a sério. Com o tempo, a estátua adquiriu um brilho peculiar em suas partes íntimas, resultado da repetição desses rituais ao longo dos anos.
Em 15 de julho de 1891, Jules Dalou entregou uma escultura toda em bronze de um realismo impressionante, onde retrata com perfeição o exato momento em que foi baleado na calçada da rua.
Símbolo sexual e tarefa para as mulheres
Com o passar dos tempos, aquele herói caído no esquecimento, acabou sendo resgatado, isto já no século XX, por mulheres em busca de amor e fertilidade que, ao verem a tal saliência, o tomaram como símbolo sexual, deixando de lado o ultrapassado símbolo nacionalista republicano.
Segundo a lenda criada em torno do escultor, mulheres casadas e solteiras, devem realizar uma ou todas as seguintes tarefas:
1-Colocar flores no chapéu
2-Beijar na boca de Victor
3-Passar a mão nas botas ou no sexo
4-Sentar-se em qualquer parte saliente da obra, botas, queixo, nariz e sexo.
Resultado, no prazo até um ano.
Atualmente, no local encontra-se uma proteção em volta da escultura para evitar acidentes e uma placa avisando que em caso de depredação o autor será punido.
Na porta do cemitério encontram-se flores para quem desejar colocá-las em algum túmulo, um livreto com o plano do cemitério e a localização das várias pessoas ali enterradas. Os nomes e sua localização, estão em ordem alfabética. Bom passeio cultural!