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Musée Rodin

Musée Rodin

O Musée Rodin tem o jardim mais romântico de Paris, é um dos mais lindos e charmosos, repleto de obras primas do escultor francês Auguste Rodin. E dedicado ao artista, sendo um dos passeios preferidos da cidade, seja para apreciar as esculturas em bronze, fazer um passeio pelas alamedas e roseiras ou então ler um livro saboreando o delicioso brownie vendido na cafeteria instalada no jardim.

O Hôtel Biron, Hôtel particular que o Musée Rodin ocupa foi projetado por Jean Aubert, o mesmo arquiteto do magnífico Château de Chantilly, para seu cliente Abraham Peyrenc de Moras, um cabelereiro que ficou rico com suas estilosas perucas. Considerada uma das belas residências da cidade pelos parisienses da época, a casa foi uma das mansões da Rive Gauche (margem esquerda) do rio Sena.

O precioso palacete Biron, da arquitetura rococó, teve sua construção concluída na primeira metade do século XIII. Desde então a fachada da mansão mudou muito pouco.

Porém, Monsieur peruqueiro Peyrenc de Moras não pôde desfrutar muito tempo de sua bela casa, pois faleceu um ano após a conclusão das obras deixando a mesma, disponível para futuros moradores.

Em 1820 a propriedade inteira foi vendida para três freiras e no local foi fundada a Sociedade do Sagrado Coração de Jesus, um Colégio interno para meninas da aristocracia.

Entre 1820 e 1904, alguns edifícios foram construídos para a adaptação de um local de ensino religioso, incluindo a capela.

Após alguns anos, a Igreja foi separada do Estado e o ensino religioso proibido nas escolas. Como resultado, o Colégio foi fechado e o prédio colocado à venda.

Enquanto isto não acontecia, a mansão foi alugada para vários artistas que ainda não eram tão conhecidos, como o pintor Henri Matisse, o escritor Jean Cocteau, a dançarina Isadora Duncan entre outros.

Em 1908, Auguste Rodin (1840-1917) alugou 4 (quatro) salas, no piso térreo, para trabalhar e expor suas obras. Foi a partir desse ano que Rodin começou a residir aí.

Auguste Rodin

Em 1911, quando a propriedade foi vendida ao Estado Francês, todos se retiraram do local, exceto Rodin que continuou a trabalhar lá. Para não sair, ele ofereceu ao Estado suas obras em troca de viver aí, até o fim de seus dias.

Ao Estado também caberia criar no local o Musée Rodin (um antigo sonho do artista). O Governo aceitou, as obras foram doadas e o Museu, inaugurado em 1919, com obras de Auguste Rodin, Camille Claudel, além de pinturas, esculturas e obras antigas da coleção de Rodin e de outros artistas.

As esculturas de Rodin eram trabalhos feitos em mármore, bronze, terracota e escaiola (é o acabamento dado às paredes ou pilares revestidos a estuque e que imita bem qualquer tipo de mármore polido).

O prédio e seus jardins foram classificados como Monumentos Históricos em 1926.

A grande reforma

De 1919 até 2012, ou seja, quase 100 anos, o Museu nunca havia passado por uma reforma estrutural, da parte elétrica ao piso de madeira, que chiava de uma maneira nada charmosa ao andar.

Depois de três anos fechado, o Hôtel Biron reabriu em novembro de 2015 com cada detalhe do edifício impecavelmente restaurado, acessível para deficientes (raridade em Paris) e com uma nova forma de apresentar o vasto acervo do museu formado por mais de 30.000 trabalhos de Rodin, dentre os quais, mais de 6.000 esculturas.

Camille Claudel

A assistente de Rodin que permaneceu com o escultor por mais de dez anos, em uma relação bastante conturbada e que o influenciou enormemente, ganhou uma sala toda dedicada ao seu trabalho como artista. Quando Camille conheceu Auguste Rodin ela tinha apenas 19 anos. Atualmente ela é considerada um gênio da escultura.

O Museu tem a maior coleção do mundo das esculturas de Camille Claudel. Ela foi uma inovadora, entretanto, na maior parte das referências, ela aparece só como a amante de Rodin.

Principais obras de Rodin:

O Pensador, que é uma das esculturas mais famosas do mundo,

O Beijo,

A Porta do Inferno,

Balzac,

Máscara do  Homem do Nariz Quebrado,

A Catedral, que, na verdade, são duas mãos que se entrelaçam…

Jardim do Musée Rodin

 

O extenso jardim de 3 hectares é uma das partes mais agradáveis do museu. Ali se mesclam com a natureza algumas das esculturas mais célebres do artista.

No jardim encontram-se obras primas como Os Burgueses de Calais, (de 1885), A Porta do Inferno (de 1880), O Pensador (de 1888), Balzac, entre outras.

Procure não fazer o passeio em dias chuvosos, pois o jardim com suas esculturas é um verdadeiro deslumbre.

Uma curiosidade: Nos jardins desse Museu foram gravadas cenas do consagrado filme “Meia noite em Paris” de Wood Allen.

Os Burgueses de Calais

Os Burgueses de Calais é uma das mais famosas esculturas de Rodin, concluída em 1889. O Monumento retrata a ocorrência em 1347, durante a Guerra dos Cem Anos, quando Calais, importante porto francês situada no ponto mais estreito do Canal da Mancha, foi sitiada pelos ingleses.

Antes do Eurotúnel, para ir da França até a Inglaterra, era necessário pegar o barco em Calais. Devido à sua posição estratégica, houve vários problemas através dos séculos.  Um deles foi quando Eduardo III, Rei da Inglaterra, cercou a cidade e o Rei da França, Felipe VI, ordenou aos franceses que resistissem, mas estes, não conseguiram. A fome instalou-se entre os habitantes de Calais.

Foi então que o Rei Eduardo III propôs aos franceses: entreguem-me seis dos homens mais importantes da cidade que eu livro o povo. Minhas condições: que eles venham até mim com o mínimo de roupas, que tenham uma corda no pescoço e que carreguem as chaves da Cidade e do Castelo de Calais.

Um dos homens mais ricos da cidade, Eustache de Saint Pierre, foi o primeiro voluntário e outros cinco burgueses prontamente o seguiram.

Nesta época, a rainha da Inglaterra que estava grávida, achou que seria de mau agouro executar os seis burgueses e pediu para que seu marido os poupasse em nome do filho que estava prestes a nascer.

Em 1888, Rodin, o famoso escultor francês, foi convidado pelo prefeito de Calais a executar esta escultura em homenagem aos seis burgueses.

A escultura é marcante pelas expressões, pelo simbolismo e pelo tamanho. Os heroicos cidadãos estão vestidos com roupas rotas, levando consigo cordas amarradas. Estache, o mais velho, do grupo, foi o responsável para entregar ao inimigo a chave da cidade.

Rodin baseou-se o mais fiel possível no relato do cronista da época, para executar a obra.

Eustache, o líder do grupo, é representado com a cabeça baixa, o rosto barbado, no meio. À sua esquerda, ereto e trazendo a boca fechada, em uma linha apertada, Jean d´Aire, traz nas mãos um grande conjunto de molho de chaves.

Este monumento tem um significado muito especial para o povo francês, pois representa seis cidadãos e líderes da cidade de Calais, que se ofereceram para ser imolados.

É também interessante notar que a composição em círculo de Rodin permite que nenhum dos homens fosse o ponto focal, permitindo que a escultura pudesse ser olhada de diferentes perspectivas.

Poderia falar um pouco mais sobre cada escultura deste artista notável, porém, deixarei para vocês, meus leitores, a delícia desta descoberta…

Helena Landell

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