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Sarlat-la-Canéda

Sarlat-la-Canéda

Sarlat é uma cidade medieval situada na Aquitânia, no sudoeste da França, capital da região histórica do Périgord Noire. Ela se desenvolveu em torno de uma Abadia Beneditina na época em que a cidade era governada por Romanos. Em 1317 a Abadia foi convertida em Catedral.

É uma cidade muito bem conservada e considerada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.

Sarlat tornou-se uma cidade próspera no final do século VIII, quando os monges beneditinos fundaram seu Mosteiro. Ela é conhecida por apresentar a maior densidade de edifícios tombados por metro quadrado na França.

Sua cidade velha medieval é ideal para passear junto às pitorescas ruas estreitas e mansões góticas ou renascentistas.

 

O mercado de sábado, particularmente animado, é imperdível.

Recebe cerca de dois milhões de visitantes por ano. É uma das maiores cidades da região, linda e preservada, além de possuir bons restaurantes e muitas opções de hotéis, porém, nada muito luxuoso.

Restaurante preferido da autora – Délices de Lauralice

A região de Dordonha vive basicamente da produção de foie gras, (fígado gordo = é o fígado de pato ou ganso que foi superalimentado) trufas negras, cogumelos selvagens e nozes.

Sua gastronomia é requintada e respeita as tradições culinárias seculares. A cidade de Sarlat-la-Canéda, no sudoeste francês é um paraíso para os amantes de trufas e de foie gras. O ganso é o animal símbolo da região, as fazendas de criação recebem turistas ávidos para saborear os produtos típicos.

Todos os anos diversos mercados se instalam no centro histórico medieval, contribuindo para a reputação deste destino gastronômico por excelência.

Além desses dois alimentos emblemáticos da cozinha francesa, Sarlat é conhecida por suas nozes, batatas sarladenses douradas na gordura de ganso e pelo tourin blanchi, uma sopa de alho ou cebola preparada também com a gordura de ganso, ovos e tomate e servida com fatias de pão.

Mas não só de gastronomia vive esta bela cidade que se desenvolveu em torno da Abadia Beneditina Sainte Claire do século IX, suas casas góticas e edifícios religiosos impõem uma forte vocação cultural.

Todos os meses de novembro o festival de filme em Sarlat se destaca como um dos principais eventos do seu calendário.  Oitenta por cento dos filmes de capa e espada foram realizados em Sarlat, sendo os mais célebres: Os Miseráveis, A filha de D´Artagnan, Ever After, Revenge, Jeanne d´Arc e Le Capitain com Jean Marais feito em 1956. Cineastas famosos visaram o cenário medieval desde 1928.

Bem atrás da igreja há uma torre de 10 metros de altura, erguida no século XII, chamada Lanterna dos Mortos. Desta torre pode-se visualizar lápides de um velho cemitério. Os guias turísticos indicam que no local eram colocadas velas para que a luz ajudasse a guiar as almas dos mortos para o céu. A torre foi construída em 1147 em memória do sermão de Bernard de Clairvaux ou São Bernardo, que visitou a cidade em plena peste e que teve mesmo curado algumas pessoas. Durante sua visita, ele teria distribuído pães milagrosos para curar os doentes, mas é certamente uma metáfora significando que suas palavras curavam as almas corrompidas pela heresia.

Na época da epidemia da Peste quando Sarlat foi severamente tocada por ela, vários nichos Mariais foram instalados nos ângulos dos edifícios a fim de clamar a proteção da Virgem Maria. Há 51 na cidade.

Existem várias teorias sobre a construção da torre acima citada. Os historiadores não estão todos de acordo, vejamos:

  • Capela funerária para rezar pelos mortos.
  • Para iluminar e guiar a noite dos peregrinos sobre as relíquias de Saint Sacerdos.
  • Cruzamento de nós telúricos.
  • E enfim, a teoria “alternativa”, segundo a qual a Torre seria construída na confluência de energias telúricas.

Este edifício era, algumas vezes, utilizado como capela funerária.

Outra atração é o manoir (mansão) Glisson que se compõe de dois edifícios, ligados entre eles por uma escada hexagonal e foi construído no século XIII. É uma visita imperdível para os que querem saber como se vivia em uma casa aristocrática nos séculos passados. Possui no térreo um gabinete de curiosidades, muito interessante. É um dos mais importantes edifícios de Sarlat. Ele permite aos visitantes mergulhar na Sarlat do século XVIII até nossos dias. E nos outros andares e cômodos, em número de 15, descobrir o quotidiano da nobreza e seu modo de vida através dos séculos, graças aos seus quadros e pinturas explicativos.

A fonte Sainte Marie é conhecida desde o século XII. Durante muito tempo a fonte foi murada por ser sua água possivelmente inadequada para consumação.

Durante o século XIII Sarlat foi dividida por brigas entre leigos e religiosos.

O centro histórico é cheio de ruelas e muitas casas medievais estão intactas. É a cidade do canard( pato) e do foie gras. Por toda a cidade as lojas ofertam as especiarias a preços convidativos. Há inclusive na área histórica, três graciosos patos moldados em bronze, como símbolo da riqueza gastronômica.

Bem próximo, um elevador leva até à torre da velha igreja. Em janeiro ele não funciona, assim como várias lojas e restaurantes, na região histórica.

Nos séculos XV e XVI grandes famílias de Sarlat se enriqueceram consideravelmente e ganharam títulos de nobreza através de casamentos, recompensas ou compras destes títulos. Assim era possível subir na escala social. Com essa ascensão, eles alcançaram sucesso pela arquitetura, construindo suntuosos hotéis familiares (residências suntuosas para a família toda, com grandes portões, para a entrada e movimento das carruagens. Logo após o portão, uma grande praça servia para a manobra das mesmas).

O melhor exemplo de ascensão social é o hotel de MALVILLE, construído por Jean de Vienne um rapaz que trabalhava em um estábulo, destacado por sua inteligência e instruído pelos clérigos, e que  continuando sua carreira, chegou até o cargo de secretário do rei Henri IV e Presidente da Corte de Contas. Para mostrar seu sucesso, ele quis um hotel suntuoso na sua cidade natal. A casa mais emblemática de Sarlat, construída por ricos comerciantes e Cônsuls , é uma casa admirável. Tem uma fachada de estilo italiano, assim como o palácio episcopal situado em frente, decorada por baixos relevos representando a família para fazer sua autopromoção, mas é, sobretudo, onde nasceu um dos mais finos espíritos do Renascimento:  Etienne de la Boètie, conhecido como o melhor amigo de Montaigne. Espírito esclarecido, escreveu entre outros o “Discurso da Servidão Voluntária“, que contém os germes da Revolução Francesa, com 200 anos antes do acontecido.

Antes de evocar a época moderna, um pequeno ponto sobre as guerras. Nas guerras de religiões no século XVI e na guerra dos 100 anos no século XIV, Sarlat sempre se manteve neutra, como também naquela dos franceses contra os ingleses, dos católicos contra os protestantes. Tempos depois os reis da França recompensaram esta lealdade, dando dinheiro suficiente para tudo ser reconstruído.

Foi então que Sarlat pegou como emblema a Salamandra, símbolo místico e eterno de regeneração, pois a Salamandra resiste ao fogo e à água e é assim Sarlat, resistindo aos dois.

Quanto à era moderna, é o momento de grandes transformações no contexto da contra reforma, de conventos e de escolas religiosas construídas na cidade. O hospital geral se instala no centro da cidade e as religiosas tomam conta dos doentes.

As muralhas medievais foram parcialmente abatidas a fim de dar espaço para uma cidade maior e mais moderna.

As mudanças na sociedade levam à revolução, porém, longe de Paris, Sarlat nunca conheceu as violências do Período de Terror ( 1792-1794) durante a Revolução Francesa foi marcada pela perseguição religiosa e política, guerras civis e execuções na guilhotina.

O Período do Terror fez vítimas de todas as condições sociais e os mais célebres guilhotinados foram o rei Louis XVI e e sua esposa, a rainha Marie Antoinette. Neste período a igreja de Sainte Marie foi destruída.

No século XIX com a Revolução Industrial surgiram várias profissões. O centro histórico foi modificado.

A última etapa importante na história da cidade foi a lei Malraux em 1962

 

 

André Malreaux- 1901-1976 – Au resistant – Au ministre auteur de la loi sobre a restauração da s cidades

 

No começo do século XX os velhos centros caem em ruinas, na indiferença geral. Felizmente para Sarlat, seu charme pitoresco havia chamado a atenção de numerosos artistas e arquitetos.

A lei Malreaux estendeu a proteção de alguns monumentos históricos para conjuntos construídos.

O projeto de tal envergadura com o financiamento necessário era para, não somente restaurar os prédios, mas igualmente integrá-los em um projeto urbano coerente com as normas de conforto moderno.

Sarlat foi a primeira cidade a se beneficiar desta lei e serviu de exemplo para todas as outras restaurações na França.

No total de 40 anos de trabalhos foram feitas quarenta e duas restaurações entre edifícios, ruas e praças.

Os trabalhos continuam ainda até hoje, com a restauração da igreja de Sainte Marie pelo arquiteto sarlades (habitante de Sarlat), Jean Nouvel que transformou a igreja em Mercado aberto protegido por portas impressionantes, pesadas, maciças e com o velho sino de um elevador em vidro.

Para a bela impressão da cidade, suas lâmpadas funcionam agora com gás, o que dá aos seus edifícios uma pintura laranja dando a impressão de viajar no tempo.

Um dia inteiro em Sarlat deixa-nos a certeza que esta região merece uma segunda visita.   

Esta que vos escreve, lá esteve em duas ou três ocasiões, pretendendo ainda retornar em algum momento.

Helena Landell

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  • Belíssima apresentação e fiel descrição dos valores e qualidades dessa encantadora cidade.
    Tal matéria deveria ser recompensada pelo departamento turístico da cidade.
    Parabéns a autora.

  • O melhor de tudo foi conhecer com a professora de Francês está cidade pitoresca. A descrição é perfeita e teu conhecimento da França é vasto. É sempre gratificante aprender mais sobre este País tão lindo

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Helena Landell

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