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Agnès Sorel



Agnès Sorel nasceu na Picardia, região cultural, antiga província situada no norte da França. Foi lá que recebeu uma educação esmerada e excepcional para o seu tempo.  Foi preparada para ser a aia de Isabel de Lorena, rainha consorte de Nápoles, mulher de Renato I de Nápoles. Este cargo não era adequado às suas ambições materiais. Agnès Sorel recebia 10 libras por ano. Este trabalho lhe tinha sido destinado desde que nascera e por conta de recomendações.

 A sua juventude e beleza fizeram com que fosse notada pelo rei da França, Carlos VII, o pequeno rei de Burges, o delfim, sem beleza, pouco inteligente e sem fortuna. Filho de Carlos VI da França e de Isabel de Baviera.

 Foi Pierre de Brézé quem apresentou a Carlos VII aquela que mais tarde seria considerada a mulher mais bela do reino. Em 1444, em pouco tempo Agnès Sorel passou de dama de honra de Isabel de Lorena, à primeira dama oficiosa do reino da França.

 Ela tinha o estatuto de favorita oficial, o que era uma novidade. Os reis da França sempre tinham tido amantes, mas estas deveriam ser discretas. Carlos VII tinha tido outras tantas, mas nenhuma com a importância de Agnès.

 

 

 A sua arte de viver e suas extravagâncias roubaram a atenção que deveria ser dada à rainha. Os véus e outras peças do vestuário foram abandonados e ela inventou o decote dos ombros nus, desaprovados na época, os penteados eram decorados como pirâmides. Seus vestidos eram bordados com pelos preciosos como marta e zibelina. Em 1444 o rei lhe ofereceu 1.600 écus juntamente com o primeiro diamante cortado que se conhece. Ele amava cobri-la de presentes e a tratava melhor do que à própria rainha.

 

 

Para obter estas preciosidades, ela tornou-se na melhor cliente de Jacques Coeur, mercador internacional e primeiro banqueiro do rei e este guardava seu tesouro no seu palácio de Bourges. Ela usava grandes quantidades de tecidos caros, sendo imitada por outras mulheres da corte. É pelas vestimentas que ela se faz notar. Procura, por todos os meios, atrair a atenção. Tecidos caros, sedas, peles e joias. Jamais tantos metros de tecidos foram utilizados, as mangas foram alongadas, indo até o chão e forradas de pele para se proteger do frio. A cauda dos vestidos vai se alongar de vários metros, fala-se de 5 a 7 metros. Ela vai mesmo provocar a rainha usando roupas mais bonitas e mais longas do que a mesma.

 Era muito difícil comparar Marie d´Anjou (a mulhe do rei) com Agnès. Primeiramente havia grande diferença de idade, a rainha tinha 40 anos enquanto que sua rival não tinha senão praticamente a metade, era muito feia e continuamente grávida, pois teve 14 crianças.

 Marie d´Anjou era tão feia que diziam que se ela tivesse olhado os ingleses de frente, ou seja olho no olho, a guerra dos 100 anos teria terminado logo…. 

Por outro lado, Agnès era tão carismática que toda a corte a imitava.

 

 

Charles VII era o que os franceses chamam: un homme à femmes = um mulherengo. Era muito feio, um nariz enorme, rosto com traços pesados, uma expressão um pouco triste, olhos grandes e sempre com olheiras, sem vivacidade no olhar. Tudo isto é muito excêntrico quando a França passava por dificuldades devido à guerra dos 100 anos.  

É uma mulher socialmente livre para a época. Era muito vaidosa, nesta época já depilava as sobrancelhas e os cabelos no alto da testa para parecer mais majestosa.

Agnès, mulher astuta, chegando perto do rei, não se entregou imediatamente aos caprichos do mesmo. Fez uma coisa inédita, resistiu ao rei, ele queria possuí-la, no entanto o fez esperar.

Charles VII é um homem que nunca conheceu o amor, o Amor verdadeiro, por isso Agnès foi um verdadeiro presente. Agnès é para ele ao mesmo tempo a mãe e a amante. Ele tem por ela a afeição que lhe faltou na infância. Eles vão formar um casal maravilhoso.

 Agnès era também uma mulher intrigante e hábil. Impôs seus amigos ao rei e chegou a ser favorecida pelos conselheiros da Coroa que viram nela um meio de assegurar a benevolência real. Graças a estas manobras, o rei, no espaço de alguns meses lhe concede os feudos de Béauté-sur-Marne, de onde vem o seu título: DAME de Béauté = Dama da Beleza, de Vernon, Issoudun, Roqueczière e lhe oferece o domínio de Loches.

Há uma grande diferença entre a corte de Carlos VII e a de Anjou onde Agnès foi educada, é por isso que ela vai revolucionar a França com sua incrível modernidade.

O delfim, o futuro rei da França Louis XI, não apoiava a relação entre Agnès e seu pai. Acreditava que sua mãe era ridicularizada e assim cada vez mais, era difícil aceitá-la.

 Um certo dia, sua raiva foi tão grande que a perseguiu com uma espada na mão por toda a casa real. Agnès, para escapar de sua ira, refugiou-se na cama do rei. Carlos VII enraivecido com tanta impertinência mandou seu filho embora para governar o Delfinado.

Vida com o rei

Piedosa, fazia regularmente peregrinações e ofertas à igreja. Ela deu ao seu amante real os bastardos da França, filhas que ele legitimou.

São elas: Maria de Valois, Carlota de Valois e Joana de Valois .

Carlota casou-se com Jacques de Brézé  em 1458. Anos mais tarde é assassinada por este quando a encontrou com seu amante.

Estes nascimentos fizeram alguns moralistas escreverem que Agnès era responsável pelo acordar sensual de Carlos VII. Eles julgavam severamente a sua liberdade de costumes e a acusaram de transformar o rei casto em um rei devasso, dedicado apenas às suas amantes.

Morte de Agnès

Grávida de seu quarto filho e saudosa de seu amante, dirige-se para a mansão em Vigne em Mesnil-sous Jumières, perto de Rouen a fim de ficar mais próxima do seu querido rei. Poucos dias após sua chegada foi subitamente afligida por um “fluxo no ventre” e morreu em poucas horas, mas não sem antes recomendar sua alma a Deus e a Virgem Maria. Teve ainda também tempo de legar todos os seus bens a Colegiada de Loches para que as missas fossem feitas para o repouso de sua alma, à abadia de Jumièges onde foi colocado o seu coração e ainda aos membros de sua família e ao rei a quem ela deixou as suas joias.

 A primeira amante oficial de um rei da França morreu aos 28 anos de idade no dia 9 de fevereiro de 1450. O bebê faleceu algumas semanas mais tarde.

 Causas da morte? Desconhecidas, porém, muitos foram os suspeitos. A causa mais provável é envenenamento por mercúrio.

 Desolado o rei ordenou que dois magníficos túmulos de mármore fossem feitos, um em Jumièges em Saint- Maritime que contém seu coração e o outro em Loches, onde seu corpo repousa.

 Era loira e tinha a pele muito clara. Certos contemporâneos seus dizem que era a mulher mais bela do mundo. Usava decotes fundos que deixavam ver o seu seio.

 Ela se distinguiu pela sua juventude e sua grande beleza, um charme que mesmo os inimigos, os mais fervorosos como o papa  Pio II reconhecem. Este registrou em suas memórias “seja na mesa, na cama, ou na câmara do Conselho, ela estava sempre ao seu lado (do rei)”.

 Ao mesmo tempo livre e piedosa, transformou o rei Carlos VII e teve uma influência política em um reino tão atormentado pela guerra dos 100 anos!

Fato curioso e interessante: em plena guerra dos 100 anos ela encorajou o rei dizendo-lhe: Vi um astrólogo que me disse que estaria perto de um grande rei, mas se você não quiser ir lutar, acho que me enganei de rei, penso que será ao lado do rei da Inglaterra que devo estar.

 

 Um pintor vai imortalizar esta aparência de Agnès em seu quadro intitulado “A Virgem de Melun” o qual não é seguramente uma pintura religiosa. Ela esconde a misteriosa história da mulher mais formosa da França Agnès Sorel, cuja vida esteve envolta em Amor, Paixão, Drama e Morte. A imagem é excessivamente forte, retrata uma mulher com todos os seus atributos. Ela está sentada em um trono de ouro, coroada como uma rainha da França. É algo de estonteante, sendo um dos primeiros quadros oficiais da época.

 

 

Carlos VII encomendou seu próprio retrato  hoje exposto no Louvre. Recentemente descobriu-se que sob do retrato de Carlos VII, há o de Agnès.

Em alguma parte os dois amantes se encontram, escondidos, mas juntos para a eternidade. É verdadeiramente extraordinário!

 

Castelo de Loches

 Foi em Loches que Carlos e Agnès passaram os dias mais felizes de suas vidas.

 Viajando pela França, se possível, não deixem de visitar este castelo incrível e com tanta história.

Helena Landell

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