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História de Nicolas Fouquet

          A história conta a extraordinária carreira do superintendente das Finanças, Nicolas Fouquet(1615-1680), seus talentos, sua ambição, mas também, pouco após a morte do Cardeal Mazarin, sua prisão vinda de um complô, pelo jovem Louis XIV e Colbert, Ministro do rei, seguida pelo seu processo falsificado, e enfim, sua morte em Pignerol, depois de 19 anos de prisão.

Em 1987, escritores, trabalhando sobre a vida de Fouquet, relatam a injustiça que atingiu este homem superdotado. Essa tragédia foi resumida nas memórias de Saint Simon(viveu por volta de 1760 e escrevia sobre memórias da corte de Louis XIV). Nicolas Fouquet pagou 19 anos de prisão, pagou os milhões que Mazarin desviou, o ciúme de Jean-Baptiste-Colbert e de Le Tellier.

         Este mecenas amava as letras, as artes, os poetas, as flores, os quadros, as tapeçarias, os livros, as estátuas, em resumo, todas as formas de beleza e do prazer! Protegeu Molière,  Corneille, La Fontaine e tantos outros.

Em 1641, Fouquet adquiriu uma pequena propriedade Vaux Le Vicomte, nas proximidades de Melun, na confluência de dois pequenos vales.  É neste lugar, entre as residências reais de Vincennes e Fontainebleau, que ele projetou um castelo encantado. Para realizá-lo seria necessário aplainar as inclinações e os picos da paisagem e realizar uma vasta plataforma para assentar o castelo e o jardim. Uma vez nivelado, o que não foi fácil fazê-lo, neste espaço de 35 hectares, começa o primeiro jardim e viveiros de plantas.

Fauquet, homem de negócios e finanças ficou inteiramente a serviço da monarquia e do jovem rei Louis XIV, por dez anos trabalhou com o Cardeal Mazarin, primeiro Ministro e padrinho do rei.



         Em 1653, o Cardeal Mazarin nomeia Fouquet superintendente das Finanças com a missão de fornecer fundos necessários para restabelecer o tesouro.



         O emblema dos Fouquet, um esquilo, se esteia em direção do poder e do seu lema. “Quo non ascendente”, Até onde não subireis? Se revela como uma premonição.

         Nicolas Fouquet segue seu projeto de um novo estabelecimento, o de Vaux Le Vicomte. É preciso contratar os mais talentosos: o arquiteto Louis Le Vau (1612-1670) e sua equipe de construtores. Charles Brun (1619-1690), pintor do rei e decorador emérito, e finalmente, como jardineiro André Le Nôtre (1613-1700).



         O golpe de mestre de Fouquet será o de confiar o futuro de Vaux Le Vicomte a estes três homens, do qual ele fez uma equipe vencedora.

        Os trabalhos de arquitetura começaram em 1656, e toda a construção seria terminada em cinco anos. O castelo exclusivamente em pedra, e os prédios comuns em tijolo e pedra.

         Le Brun, pintor e desenhista, é o autor de todos os tetos pintados no térreo. Ele dirigiu seus aprendizes na realização das decorações que colorem as partes em madeira. Fornece os temas aos escultores e também aos tapeceiros que trabalham na manufatura de tapetes fundada por Fouquet na cidade vizinha.

         Ao mesmo tempo, é o jardim de origem que se embeleza, graças à inspiração inventiva de André Le Nôtre. Pela primeira vez, um jardim, o de Vaux Le Vicomte, dez anos antes daquele de Versailles, vai revelar um novo estilo. Um jardim traçado segundo um eixo principal dobrado às leis da perspectiva aberto sobre o horizonte, decorado de banheiras d´água, de estátuas e de ilusões óticas destinadas a distrair os visitantes.

         Um século mais tarde, todas as cortes da Europa terão adotado a ciência e o gosto de Le Nôtre para realizar seus jardins, os quais merecerão o titulo de “jardins da inteligência“.      Uma vez os trabalhos realizados, Mazarin, grande admirador das Artes, pede a Fouquet para receber em Vaux, grandes personagens da França. Estas festas vão lançar a reputação da obra de Fouquet. La Fontaine, protegido do superintendente, começa a escrever poemas sobre a glória do palácio e do jardim realizado em Le Vaux.

    Em março de 1661, Mazarin morre. Neste momento três destinos vão aparecer.

1-            1-O rei, agora, com 23 anos, aceitará um novo Primeiro Ministro?

2-            2-Fouquet será o novo Primeiro Ministro?

3-            3-Enfim, Colbert  teme a revelação da fortuna escandalosa de Mazarin, da qual ele participou.

    Sua ambição o inspira a subir às primeiras fileiras do reino.

   O desenrolar aconteceu logo no dia seguinte à morte de Mazarin. O rei convoca os principais ministros e lhes anuncia que ele, rei, daquela data em diante, dirigiria o governo do reinado. Louis XIV ordena uma centralização absoluta de todos os poderes em suas mãos.  

   Fouquet não se convenceu desta declaração, e pensa que a juventude do rei, seu gosto pelos prazeres o levarão a esta pretensão de reinar pessoalmente. Ele tinha ainda a esperança de se suceder ao Cardeal Mazarin.

   Quanto a Colbert, encorajado por ter sido designado pelo rei para colaborar com o superintendente das Finanças, decide acabar com Fouquet.

    Insinuando uma desconfiança cada vez maior, dia após dia no espírito do jovem soberano, ele denuncia Fouquet como causador de todas as desordens financeiras.

    Louis XIV é sensível à todas estas calúnias porque, caluniando o superintendente  ele compromete a memória do Cardinal Mazarin, seu padrinho e íntimo de sua mãe, a rainha Anne d´Autriche ( rainha da Áustria ).

    Estas afirmações podem lhe dar, também, a oportunidade de demonstrar, pela primeira vez,  de uma maneira pública, o seu poder absoluto.  

    Em maio de 1661, tomou sua decisão; o superintendente Fouquet será preso. Ele será julgado, diante da corte, por crimes que justificavam a pena de morte.

    Para dar uma oportunidade a sua futura vítima, Louis XIV exprime a Fouquet seu desejo de ir à Vaux Le Vicomte a fim de admirar os últimos embelezamentos dos quais toda a corte fala com elogios.

    Quando Vaux está com o embelezamento e a  decoração quase pronta, tornando-se o mais belo Castelo do reino, no dia 17 de agosto de 1661, Fouquet oferece ao seu rei uma festa única, inigualável: Les Fâcheux, “Os  Desagradáveis” comédia–ballet em três atos, de Molière. A música é de Jean-Baptiste Lully, compositor preferido de Louis XIV. É a primeira comédia–ballet na história do mundo. Passeios, ceia, fogos de artifício, um encantamento.



    Desconfia-se que Louis XIV apreciando toda esta beleza, fartura e suntuosidade ficou muito enciumado e desconfiado de Fouquet. Toda esta festa, a beleza e bom gosto, nos mínimos detalhes, deveriam ter custado muito dinheiro e de onde este teria vindo? Com certeza dos cofres do rei.    

    Três semanas mais tarde,  5 de setembro em Nantes, sob ordem de Louis XIV, d´Artagnan, capitão dos Mosqueteiros prende Fouquet para apresentá-lo a um tribunal, diante de juízes de uma Corte constituída especialmente para a ocasião.

    O acusado não terá a assistência de um advogado, os papéis serão falsificados. O processo vai durar três anos. O rei e Colbert exercem pressão sobre os juízes, porém, a maioria obedece à suas consciências e condenam Fouquet à liberdade fora do reino.

 

    Louis XIV decreta a prisão de Fouquet em Pignerol, na Itália e cassa as carreiras dos juízes, requisita móveis, tapeçarias, estátua e coisas de grande valor.

    Fauquet que construiu toda esta maravilha, pouco usufruiu deste castelo, o qual cada detalhe, cada pintura foi minuciosamente inventada, apreciada e elaborada, pois de repente tudo foi desmoronado com a sua prisão durante 19 anos e que culminou com sua morte.

    Realmente, esta é a história triste de um homem de inteligência privilegiada e infelizmente vítima da inveja de muitos!

    Visitando Vaux le Vicomte, não deixem de incluir o Museu das carruagens em seu passeio. Ele está situado bem próximo ao Castelo. Os cocheiros são homens em cera!

    Com este texto concluímos a apresentação do castelo Vaux le Vicomte e de quem o planejou com tanto amor e carinho e infelizmente foi vitimado pela inveja.

 

 

Helena Landell

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